Meu filho frequentando salas especiais para estrangeiros nas escolas japonesas no Japão.

Depoimento de uma mamãe ema cidade de Hamamatsu, província de Shizuoka que concentra um grande numero de estrangeiros sul-americanos. A intenção deste relato é dividir a experiência que seu filho teve ao frequentar a sala especial “nihongo kyoushitsu”(clique aqui e vá para a matéria…) ,destinada a alunos com deficiências.

Seu filho realmente estava estudando com alunos com deficiências especiais e não de aprendizado. Para alertar os pais e para que os pais acompanhem que nem sempre o que os professores consideram melhor é realmente o melhor a seu filho. No Japão se emprega o costume do utilitarismo, o que é mais fácil e melhor para o responsável e pelo grupo sem atentar para as reais necessidades individuais.

Sobre o utilitarismo, vejam que pela densidade populacional, crianças com deficiências especiais são poucas, pessoas com deficiência especiais são poucas. O que faz entender isto? Basta unir que o absorto é permitido, assim a mentalidade de excluir os indesejados fica mais que evidente dentro da sociedade japonesa. Assunto polêmico e para ser tratado em outro momento, todavia pensar a respeito deste ponto ajuda a compreender o uso do utilitarismo na sociedade japonesa.

Se os pais não tem condições de avaliar seus filhos nas escolas japonesas, que comecem a estudar o japonês pelo futuro das crianças.

A história desta mamãe mostra que qualquer problema pode ser resolvido se houver dedicação por parte dos pais e não partindo da criança.

Palavras da mamãe:

” Meu filho mais velho passou por esse equívoco durante 4 anos.
Aqui em Hamamatsu essas salas são chamadas de Tekyo.

À princípio a sugestão da escola me pareceu boa.
Com o acompanhamento da escola e sua tradutora levei meu filho a um psicólogo, que o diagnosticou com atraso mental de 2 anos.

Foi difícil como mãe receber esse diagnóstico, mas acabei aceitando. Entretanto, quando ele mudou de sala, junto com ele havia mais 5 crianças, uma com síndrome de dawn e outra com atraso mental bem sério.

As outras 3 crianças tinham mais ou menos as mesmas dificuldades que o meu filho apresentava. Isso me incomodava bastante, eu sempre visitava de surpresa a escola e não gostava do que via.

Nas reuniões entre mim, meu filho, a professora e a tradutora da escola eu sempre expressava que não concordava com o fato do meu filho ser mantido naquela sala, devido ao fato de ele ser sempre tratado como incapaz.

Ele nunca tinha lição de casa, e já na 5a série ainda não tinha aprendido os kanjis 2a serie e nem as operações matemáticas, agora sim, ele estava totalmente atrasado, 3 anos atrasado, e não era atraso mental, era atraso no aprendizado mesmo, por decisão da própria escola.

Enfim, problemas domésticos levaram-me ao divórcio, mudei com meus filhos de apartamento e de bairro, onde ele ingressou em outra escola, na 5a série, porém, nessa nova escola, GRAÇAS A DEUS, não há salas para crianças “deficientes” e como eu não dirijo, eu não tinha condições de levá-lo à escola com salas especiais.

Contrariando o Comitê de Educação de Hamamatsu, eu me responsabilizei pela permanência do meu filho na 5a série em uma sala normal, onde fui informada de que ele seria acompanhado por um funcionário do Comitê de Educação, e caso ele fosse avaliado como sofredor ou incapaz de aprender nessa sala, eu deveria encontrar uma forma de transportá-lo todos os dias para uma escola indicada pelo Comitê onde houvesse uma sala adequada para ele.

Foi uma luta, mesmo sem eu falar nihongo, sem saber ler ou escrever japonês, comprei um caderno de kokugo e no próprio livro de kokugo dele, havia todos os kanjis que foram estudadas desde a 1a série. Todos os dias após a aula ele devia procurar conhecer 10 kanjis, a partir do conteúdo do 1a série.

O professor dele era muito atencioso e conversava bastante com ele depois das aulas e o ajudava.

Aos poucos, ele foi ganhando conhecimento e segurança, eu e o professor sempre incentivando ele.

Já na 6a série, o outro professor era mais jovem, tinha outra cabeça, tinha mais energia, reconheceu nossos esforços e passou a dar lições extras somente para o meu filho.

As notas que eram baixíssimas quando ele estava na 5a série foram melhorando e no final da 6a série e conseguiu – um único, é verdade – tirar um 80 em uma prova, e na reunião do final do ano letivo, o professor admitiu que ficou surpreso.

No meio da 6a série, p professor em reunião comigo e com meu filho, aconselhou-me a colocá-lo num Chuugakko que tivesse salas para crianças especiais, mas eu disse a ele que preferia que meu filho tivesse um desempenho menor do que as outras crianças, do que jogar fora todo o nosso esforço de um ano e meio, e sujeitá-lo mais uma vez a ficar estagnado numa sala sem perspectivas.

Hoje, GRAÇAS A DEUS, meu filho está no 1o ano di Chuugakko, está conseguindo na medida do possível, acompanhar a sala. A parte disso, coloquei-o em uma turma de aulas de reforço particular, chama-se Jūkko.

Temos muita esperança de que o futuro dele seja normal, nada daquela idéia de coitadinho ou incapaz, pois ele não tem problema mental, o que ele tinha era muita dificuldade no idioma, pois dos 4 aos 6 anos de idade, ele estudou em escola brasileira, onde já havia inclusive sido alfabetizado (em português). Aliás, se ele tivesse algum problema mental, não dominaria os dois idiomas, como domina.

Tem poucos brasileiros no Chuugakko onde ele estuda, ele é bem querido e admirado, estamos satisfeitos agora.” (SIC)

Mamãe de Hamamatsu.

Senhores pais, assumam suas posições, aprendam o japonês para dar suporte aos seus filhos. Se lhes faltam tempo, comecem se unir e cobrar dos representantes do governo brasileiro mais empenho em confrontar e apresentar soluções para que os pais tenham mais tempo para sua família. Se houve ao menos o respeito das empresas em relação aos poucos direitos, os pais poderiam se dedicar mais.

Para aqueles pais que ainda pensam que dinheiro é mais necessário do que participação, não esqueçam que seus filhos poderão lhes cobrar a não participação em sua vida escolar e social. Estariam os pais hoje, fazendo uma refeição por dia junto de sua família e promovendo uma conversa sobre o dia e ainda lendo algum livro de acordo com a compreensão de seus filhos? Pois bem pais, a responsabilidade do sucesso de seus filhos estão em suas maos, sejam responsáveis e assumam suas posições.

Parabéns pela dedicação esta mamãe e pelo empenho em fazer parte da ajuda de seu filho, sem o comprometimento desta mamãe, seu fluo ficaria limitado a um atraso de aprendizado não conseguindo êxito em querer seguir os estudos no segundo grau.

By Connexion.tokyo Team

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