Historia de um brasileiro após 23 anos de Japão.

Eu postei esta historia há mais de 4 meses na pagina e já tinha postado em minha pagina quando comecei a escrever sobre o Japão na velhice dos estrangeiros e acho interessante deixar no site, pessoas se identificam com ela e outras podem usar o exemplo para mudar seus planos e fazer uma futuro melhor. É longo o texto, mas vale a pena….

Semana passada um amigo brasileiro que conheci durante uma tradução num hospital há um bom tempo atrás, me procurou, ele gostaria de escrever a historia da vida dele, queria fazer uma carta de alerta para os pais que esquecem de pensar se os filhos seriam felizes com as escolhas dos pais. Eu disse que era para ele escrever e que eu poderia tentar ajuda-lo a corrigir porque não consigo escrever como uma reporte.

Achei muito interessante sobre desde a vinda dele para o Japão e tudo que aconteceu durante sua vida no Japão. Eu imagino que a vida dele se consegue fazer um livro ou um filme. Assim ficou um resumo do que ele escreveu e que eu corrigi, mas ainda tem muitos erros, por favor, me desculpe. Eu gostei muito do que ele escreveu e acho que muitos iram pensar e avaliar muito a vida depois desta historia.

Cheguei ao Japão há mais de 23 anos, vim para o Japão na certeza de ficar 2 ou 3 anos, juntar um pouco de dinheiro e terminar minha casa que nem tinha começado direito. Cheguei na época que não tinha as facilidades de hoje, lojas com tradutores, produtos brasileiros e estrangeiros em muitas cidades.

Sou da época em que se pagava por 15 mil a 20 mil ienes em uma calça jeans do Brasil sendo que tinha calça jeans no Japão por 3 mil ienes. Mas onde comprar? Onde procurar? Trabalhávamos 15, 16 horas por dia durante 6 dias ou ate 24 dias sem folga, tudo por causa de um sonho.

Aos poucos o tempo foi passando, fique 2 anos, 3 anos, estava muito bom para ganhar dinheiro e fazer um bom pé de meia. Fiquei 6 anos, construí uma casa, voltei com um pouco de dinheiro, tentei algo no Brasil, mas como sempre, fiquei desatualizado de Brasil e de Japão porque somente trabalhava e trabalhava e trabalhava. Ter um pouco de dinheiro e total falta de conhecimento ajudou há perder este pouco num comercio que comecei.

Conversei com minha esposa que o Japão seria a solução. Não queria pensar em Brasil porque precisava de dinheiro e achava que tendo dinheiro iria ser mais bem sucedido se abrisse outra firma, outro comercio. Vim para o Japão novamente, preparei para minha mulher vir também, pois tinha certeza que nos 2 juntos conseguiríamos ganhar mais dinheiro em mais pouco tempo. Meus filhos ficaram com minha sogra, mas a saudade fez com que trouxéssemos também as crianças para o Japão, não se consegue ficar longe de quem ama sem sofrer.

Quando o mais velho chegou já estava na hora de entrar na escola. Minha esposa frequentou a escola japonesa no Brasil e tinha boas lembranças, as escolas brasileiras não época eram muito longe e muito caras, iria comer quase todo o salário de minha esposa que já ganhava menos por ter que cuidar dos filhos.

Neste período, ainda morávamos em um apartamento da empreiteira, caro, pequeno e velho. Quando colocamos nosso filho na escola, vimos que não poderíamos mais arriscar em sair de cidade para não afetar na escola da criança. O plano era ficar mais 2 anos, deixar ele estudar mais 2 anos, aprender o português em casa e voltar para o Brasil para estudar e se formar no Brasil.

Penso que esta historia é o que aconteceu com muitas pessoas. O Japão um país maravilhoso, de fácil adaptação, o melhor do mundo para se morar e o pior para se acostumar. Esta frase em aprendi com um amigo mexicano que morou em muitos países e casou com uma japonesa que conheceu numa viagem pela Europa.

Ele me disse que somente o Japão é assim, tudo funciona de uma maneira impecável. O pior para se acostumar porque vamos achar que o mundo tem que ser igual ao Japão e não é. Outro motivo de acharmos que o Japão é muito bom é porque não entendemos a língua então não conseguimos entender os problemas que o povo japonês passa além de somente fazermos comparações com o lugar de onde viemos.

Não sabemos muito do Brasil, sabemos muito do nosso bairro e da nossa cidade da rua de onde viemos porque muitos de nos brasileiros aqui no Japão não sabemos nada de Brasil, não viajamos muito pelo Brasil, ficamos limitados somente a nossa localidade e muitos até de avião só viajaram quando vieram para o Japão, eu fui um deles.

Todas estas palavras é de meu amigo mexicano disse também do povo dele assim, os que migraram clandestino para os Estados Unidos, sempre dizem que nos Estados Unidos tudo é melhor que o México mas ninguém conhecia o México somente a cidade que nasceram.

Eu penso que o mesmo é o que aconteceu comigo aqui, achar que o Brasil era minha cidade, meu Bairro. Trabalhar muito me fez perder noção de tudo e a pensar que novelas e televisão brasileira eram referencia de Brasil.

O tempo vai passando, outro filho entrando na escola japonesa, não aprendendo o Português, sendo esquecido pela falta de tempo dos pais, eu trabalhando 12 a 14 horas por dia de segunda a sábado, minha esposa trabalhando de 8:30 as 17 horas, nos preocupando com os afazeres de casa e as crianças crescendo como japoneses, fluentes na língua e nos costumes porque o caráter se forma pela escola que frequenta, pela educação que absorve onde se passa o maior tempo de sua vida. Nós pais trabalhando e as crianças ai virando japoneses.

Quando nosso primeiro filho entra na escola, conseguimos um apartamento publico, graças a Deus não estaríamos mais na mao das empreiteiras. Precisei de um avalista e um grande amigo assinou para minha família ter um apartamento publico, sou muito grato ao governo japonês pela ajuda nisto.

O tempo vai passando mais, as crianças cada vez mais fluentes, falam em japonês entre si, em português com nos os pais, mas a comunicação vai ficando limitada, pois os entendimentos de muitas palavras começam a ficar difícil. Conversas fáceis tornam-se rotinas e discutir muitos outros assuntos com os filhos fica difícil, eles vão virando japoneses. Eu recebi varias cartas de meus filhos, mas sempre eles traduziam para mim porque não conseguia ler o japonês. Não usava japonês no meu trabalho, sorte que minha esposa sempre falava com os pais em japonês e lia, mas eu não consegui ler uma carta de um filho. Me senti o maior analfabeto aqui.

No trabalho me esforçava para dizer para meus parentes no Brasil que era muito bom, que eu fazia muitas coisas. Eu sabia, mas não falava que o trabalho que fazia em uma linha de produção, qualquer um com treinamento de 3 dias a 1 semana era capaz de fazer, eu era e sou apenas mais um simples operário numa linha de produção que posso ser substituído a qualquer momento, e o mesmo com meu chefe e chefe do chefe. Os serviços de fabricas fazem a gente usar o corpo e não a mente, somos peças de reposição. Aqui ninguém é eterno e a fabrica não precisa de ninguém, esta é a verdade.

O engraçado de tudo era eu achar que a empresa precisava muito de mim pois era o faz tudo, mas faz tudo o que? Qualquer um faz meu trabalho ou muitos não querem fazer porque trabalho duro é para quem não estudou, no caso o meu. Ter estudo no Brasil e estar no Japão é o mesmo que ser um analfabeto, já que não liguei em dominar o idioma e deixei o idioma me dominar.

Aos poucos fui entendendo que as crianças começam a ter problemas na escola, sofriam um pouco com gozações dos amiguinhos, piadas e risadas, nada muito fortes. Assim como no Brasil tem os problemas nas escolas pensei que no Japão era o mesmo. Meu filho, uma grande criança, de um coração enorme foi me dizendo que o grande problema era que os amiguinhos os consideravam pobres, pais estrangeiros, que não sabem falar inglês – quem fala inglês é visto como melhores, os japoneses não sabem nada de mundo, mas adoram inglês – o pai não fala japonês e moram em prédios públicos. Superamos esta fase com muitas conversas e compreensão dos meus filhos. Agradeço muito a Deus por isto.

Agora pergunto, as crianças japonesas são capazes de fazer estas afirmações ou aprende em casa estes comentários preconceituosos? Aqui o país é dos japoneses, somos apenas hospedes, temos que respeitar e admitir que não somos japoneses.

O tempo passa mais e já vimos que não conseguimos voltar para o Brasil porque as crianças seriam muito afetadas pela dificuldade de entender o português falado e escrito e que dentro elas já eram japoneses.

Erro meu e de minha esposa? Penso que sim porque escolhemos viver em país que não nos pertence, escolhemos viver num país que nos acolheu com oportunidades de emprego, trabalho não falta, até hoje não faltou, salvo a crise de 2008, mas consegui manter no emprego aos trancos e barrancos.

Chegou o momento de compramos uma casa, mas devido às despesas aumentarem, salários irem diminuindo achei melhor não arriscar a pagar uma prestação de 60 a 80 mil por mês durante 35 anos e no final ter que reformar a casa e gastar mais dinheiro tudo é feito de madeira e não concreto, madeira acaba, e ver que no final do financiamento iria pagar 2 ou 3 casas. Acomodei e continuei no Apartamento publico, meu filho iria entrar no segundo grau e tinha que pagar escola ou pagar a escola se ele não conseguisse entrar na escola publica.

Graças a Deus ele consegue entrar numa escola publica, estudou muito e sempre escutava as conversas que tínhamos em casa eu e minha esposa. Ficamos mais tranquilos, mas tinha ainda o segundo que estaria logo entrando no segundo grau. Tínhamos certeza de que o segundo seria igual ao primeiro, expectativa de pai e mãe, mas ele não consegui e tivemos que pagar escola particular. Ainda bem que não compramos casa e tínhamos dinheiro para escola porque guardamos para estudar os filhos.

Eu disse que trabalharia dia e noite para eles estudarem, tinha certeza que o retorno era grande, pois quem estuda tem muitas chances e outras oportunidades. Fomos juntando dinheiro para o segundo grau do nosso segundo filho. Neste mesmo período o filho mais velho estava para entrar na faculdade. Me senti muito orgulhoso, mas a faculdade custava quase 2 milhões por ano por 4 anos, seria 8 milhões. Fiquei feliz em não ter uma prestação de 60 a 80 mil de casa própria, pagava 20 mil de aluguel publico, prédio velho, mas viável para morar.

Neste tempo todo, esquecemos os parentes no Brasil, vivíamos somente nossa família, amigos indo e vindo, amizades duradoras nunca tivemos, pois muitas pessoas chegam e saem rápido, mudam de região, fomos ficando. O triste foi quando começamos a perder nossos entendes queridos, as crianças não tinham contato com os avos, eles ficando doentes, via que estavam triste por não ter as crianças junto, não conhecer nada sobre as crianças. Vivemos no melhor pais do mundo, mas perdemos as melhores oportunidade de viver em nossa terra, nossa cultura, nosso lugar. De estar com nossa família.

Aqui a vida se resumiu a trabalho, trabalho, trabalho. Feriados prolongados, passeios os mínimos, churrasco com amigos, sempre a mesma musica o mesmo ritimo.

O filho mais velho para se manter na faculdade, consegue uma opção de financiamento para faculdade, eu ficou muito feliz e a esposa também, tínhamos a certeza que ele fazendo faculdade teria o melhor emprego que nós, que teria as melhores chances e seria um grande executivo aqui no Japão, sonho de qualquer pai, que seus filhos sejam os melhores empregados do mundo.

Termina a faculdade, meu filho entra numa empresa na região de Tóquio, foi escolhido porque era estrangeiro, entendia 3 idiomas, primeiro japonês, segundo inglês e terceiro o português. Ele estudou o inglês mas não o português, entende o português mas não é fluente no português escrito. Eu fiquei super feliz, me senti realizado, mas esqueci de saber se meu filho estava realizado, se era o que ele queria para sua vida. Ele queria muito um emprego pois tinha minha responsabilidade de pagar o financiamento. Estes financiamentos ficam condicionados ao currículo dos estudante e não pagar é perder o emprego em qualquer empresa.

De Tóquio a minha casa tem mais de 350 quilômetros, ele foi morar sozinho. Hoje vejo meu filho trabalhando como eu em sua carga horária, de 9 da manha as 10 da noite, sai de casa as 7:30 porque precisa pegar 2 trens ate o serviço, aluguel perto do serviço custa mais de 130 mil ienes apartamento de 1 quarto. Tudo isto para que? Precisa pagar o financiamento que pegou para os estudos, quer começar a trabalhar logo porque se formou e consegui o emprego 1 anos antes de se formar, ele estava radiante quando conseguiu ainda estudando.

Ele pensava, vou trabalhar em Tóquio numa grande empresa, tudo que ele sempre quis e eu muito mais que ele. Hoje ele pagar o aluguel de 78 mil ienes por mês em 1 quarto em Tóquio, mais toda despesa de casa, luz, água, telefone, condomínio, comida do mês, impostos e mais o financiamento da escola, o salário dele é contado e conta com as horas extras na empresa para conseguir viver, mesmo sendo empregado direto. Ele tem bônus mas o financiamento também tem prestação de bônus, o governo pensa em tudo e fica sócio do pagamentos dos estudantes, em tudo.

Hoje eu faço as contas e vejo que o que meu filho ganha, não chega a 200 mil por mês, ele tem somente 23 anos. No Japão ninguém novo ganha mais que isto e eu fui saber disto quando meu filho começou no emprego, eu sempre ganhei mais de 300 mil por mês, muita hora extra e salário sempre acima de 1.350 ienes. No Japão pode falar 10 idiomas que o salário vai ser igual, para todos, empregados públicos mesma coisa, e mulheres ainda menos que os homens, um absurdo. As empresas somente querem ganhar com os funcionários e nada mais.

Eu optei por viver no Japão para estudar meus filhos e depois que eu se formou, foi morar sozinho com um salário igual de todos os jovens no Japão, pouco, muito pouco. Ele foi cuidar de sua vida e vive uma vida muito apertada. O segundo esta indo para o mesmo caminho, sai da faculdade e vai começar a trabalhar, vai morar onde? Ele deseja trabalhar numa empresa que fica em outra região, deseja trabalhar com energia nuclear, na empresa deste segmento. Outro que vai morar sozinho, longe e ter uma vida apertada.

Não estou aqui triste porque meus filhos vão sair de perto de minhas asas, mas analisem a vida que os jovens levam no Japão. Vejam os sonhos destes jovens onde pode ser alcançado.

Escolhi o Japão para morar educar meus filhos, para que eles tivessem melhores chances e no final percebo que vão limitados a serem empregados de empresas, que somente terão um salário melhor depois dos 40 anos e que somente poderão ser chefes depois dos 40 a 45 anos, antes disto serão apenas mais um funcionário com estabilidade por serem empregados diretos, mas apenas mais um empregado que pode ser substituível a qualquer momento. As empresas japonesas são uma das mais frias e sem promissão de carreira do mundo.

As chances de ser alguém excepcional no Japão e muito remota, todos devem obedecer a hierarquia, todos devem aguardar sua hora. Eu eduquei meus filhos para serem assim sem saber disto. Eu cortei a chance de meus filhos terem mais oportunidades por achar que o Japão é o melhor país do mundo parra se viver sem saber direito de tudo. Hoje sei que é um dos piores país do mundo para os jovens porque nenhum jovem aqui consegue projetar um futuro brilhante, uma carreira promissora, tudo depende de idade, não da capacidade, ninguém é avaliado pela capacidade somente idade.

Eu até fiquei sabendo que nas cadeias do Japão, os chefes são os mais velhos e não os mais perigosos.

Se meus filhos não tem a mesma vontade que tenho, não tem a mesma coragem de arriscar agora que são novos, formados em faculdade. Para terem coragem de arriscar teriam que ser brasileiros, estudar no Brasil ter a vontade de competir como os brasileiros em qualquer emprego, em qualquer lugar. Nos brasileiros somos um povo de querer sempre o melhor, mesmo errando, buscamos o melhor, temos muitos planos. Os japoneses não, eles são eduacados para esperar sua vez, e serem fieis as empresas em todas as circunstâncias. Os brasileiros é permitido arriscar, tentar, se não conseguir começar de novo, pensar em poder errar e aprender com os erros, insistir. As empresas não medem os empregados pela idade e sim pela capacidade, pela inteligência.

Isto é possível no Japão? Não, não é possível. Meu filho me disse que um homem que não consegue se manter no mesmo emprego ate seus 26 anos, pode ser o mais inteligente que for que nenhuma empresa o quer depois dos 28, isto dá ao jovem a chance de tentar menos de 1 vez. Hoje entendo o porque o japonês entra numa empresa e se aposenta nela, não lhe es permitido tentar. Você entra numa empresa e sua vida será ali. Suas chances estão limitadas a esta empresa.

Agora fica fácil entender o motivo do alto índice de suicídios no Japão? Ser para o resto da vida um funcionário e ter que esperar sua vez, ser medido por sua idade e não capacidade.

Hoje tenho um filho que trabalha e mora longe, sozinho, me visita apenas nos feriados prolongados, tem faculdade, mas ganha menos que eu, tenho outro filho que vai sair da faculdade, mas com o mesmo plano de vida, empresa, trabalhar 12 horas por dia, pagar seu custo de vida e financiamento de faculdade.

Eu e minha esposa, já com mais 50 anos, tendo pagado somente 3 anos de aposentadoria no Japão e mais alguns anos picados no Brasil. A velhice chegando, ainda morando em apartamento publico graças ao bom Deus e ao governo japonês.

Neste tempo perdi meu pai, minha sogra e meu sogro. Perdi de estar junto com meus familiares, perdi a noção de Brasil, dimensão de negócios lá. Sou apenas um simples peão de fabrica aqui. Consegui terminar uma faculdade on line motivado pela vontade de ser alguém ainda. Um amigo no Brasil me disse que a faculdade on line serve somente para prestar concurso publico ou trabalhar por conta porque nenhuma empresa que se preze contrata um empregado com faculdade on line, eu fiquei triste com isto não por mim, mas por muitos jovens que ainda sonham em ter uma faculdade mesmo on line, seria esta a realidade dos cursos on line? Eu fiquei muito triste com isto porque as faculdades são pagas então estamos somente comprando um diploma para deixar uma empresa mais rica?

Hoje vejo meus sobrinhos no Brasil, filhos de amigos também estudaram em escolas publicas, uns formaram em faculdades publicas outros em faculdade particular. Perto dos meus filhos conseguiram melhores empregos porque trabalham 8 horas por dia, tem férias e folgas nos feriados, sempre estão com os pais, perto dos parentes, primos tios, avos, tem mais amigos e parentes por toda parte. Uns moram longe, mas sempre estão mais pertos porque tem tempo, não são escravos das empresas como acontece no Japão. La tem férias de 30 dias por ano, e carga horária mais tranquila do que no Japão. Aqui vivemos para o trabalho, não trabalhamos para viver.

O ritmo de vida do Japão faz as pessoas virarem robôs e trabalhar, trabalhar, trabalhar. Hoje entendo a tristeza dos japoneses , entendo porque o mau humor em fabricas, mau humor para todo lado e porque todos dias morrem mais de 90 pessoas por suicídio.

Eu desejo tudo de melhor para meus filhos, quero que eles sejam os melhores em tudo, mas vejo que tudo será como sempre eu fui, trabalho, trabalho e trabalho. Se amanha casarem, vão querer comprar casa, o financiamento para quem trabalha em empresas sai mais fácil. Não irão trocar em nada, trabalhar para manter a família, pagar a prestação de casa, despesa de casa, escola dos filhos e terem pouco tempo para a família, assim como eu.

Eu não consegui saber como meus filhos viviam o dia a dia, cresceram e fizeram muitas atividades que eu perdi, pois minha carga horária era muito grande, chegava em casa as vezes as 10 horas e eles já estavam dormindo, semanas assim. Eu só trabalhei, trabalhei e trabalhei e ainda trabalho. Gosto de trabalhar, mas não tenho nenhuma garantia, não tenho um fundo de garantia, tenho pouco tempo de pagamento de aposentadoria e não quero que meus filhos gastem comigo nem com minha esposa.

Se for para o Brasil, posso ainda dar sorte em vender algo ou mesmo ser agricultor na pior das hipóteses, minha terra, minha gente, tenho parente e amigos antigos, mas não quero deixar meus filhos sozinhos neste país porque eles não têm família aqui. Eu escolhi uma vida que se soubesse que seria assim, teria lutado no Brasil porque dinheiro não foi a melhor opção, deixar meus filhos em escolas japonesas não foi uma boa opção, eles não sabem lutar por seus ideias eles sabem que terão que aguentar e suportar as escolhas que fizeram, eles são japoneses.

Quando digo que são japoneses, eu digo que eles vivem e aceitam o que foram educados na escola para isto. Se eles estivesse no Brasil talvez fossem querer sair e procurar cada vez melhores postos de trabalhos. Eu vejo que isto no Japão e impossível. Para quem não conhece a sistemática de empresas japonesas me acham um maluco, um doido, mas tenho certeza que não estou errado em relação a isto.

Hoje sei que o Brasil ainda é e sempre será a terra das oportunidades. O Japão é o pais do trabalho, viver para trabalhar, sem dinheiro ninguém faz nada aqui. Ou tem dinheiro ou não vive ou vive com ajuda do governo que eu nunca iria aceitar. Mas como já definido estrangeiros não tem direito. Sendo assim o que seria para minha aposentadoria daqui a 12 anos quando faço 65 anos. Se não contribuir por 40 anos não tenho direito. Alguém já pensou como seria a velhice no Japão?

Estou escrevendo aqui o que aconteceu comigo, o que eu escolhi o que eu plantei. Muitas pessoas são contra, vão dizer muitas coisas, mas eu pergunto alguém já pensou no futuro, no futuro dos filhos? Qual a felicidade que queremos para os filhos ou quais os planos que temos para eles? Seria o melhor escolher o caminho deles de acordo com que achamos certo? Não seria melhor os deixar escolherem o melhor?

Seria melhor deixar nossos filhos se formarem e trabalhar no Japão para sempre? Seriam eles os novos japoneses? Que sonhos os jovens tem? O que o futuro tem para oferecer aos jovens? Qual a ligação familiar dos jovens estrangeiros no Japão? Eles estão preparados para viver sozinho sem família, sem amigos, viverem somente para o Trabalho?

Nota do site…. Se chegou até aqui, pense muito sobre pagar um plano de aposentadoria ara garantir um futuro, que seja previdencia privada ou do governo. Nao importa onde voce viva, pense na velhice, sem dinheiro cabe aos filhos o fardo dos pais, por isto, pense na velhice hoje.

By Connexion.tokyo Team