Asilo só para brasileiros sem aposentadoria em cidade japonesa; e os mais jovens, o que devem fazer?

O Portal G1, da Globo, em reportagem recente, realizada pelo jornalista Ewerton Tobace, apontou que após 25 anos do início do movimento decasségui, a quantidade de idosos brasileiros sem emprego e sem direito à aposentadoria no Japão está aumentando. Há mais de 12 mil imigrantes decasséguis no Japão com mais de 60 anos. Segundo a reportagem, a falta de conhecimento das leis trabalhistas deixou vários sem aposentadoria. Segue abaixo trechos da matéria:

“O Centro de Cultura e Assistência Social vai funcionar em um prédio na cidade de Oizumi, na província de Gunma, cerca de 100 quilômetros ao norte de Tóquio. A previsão é de que o local comece a funcionar em 2016. Além do asilo, o centro vai abrigar uma biblioteca, um museu e oferecerá um serviço de assistência aos estrangeiros. Até agora, a fundação já investiu cerca de R$ 1,2 milhões no projeto.”

A reportagem ainda aponta que, “uma grande parcela dos brasileiros no Japão nunca pagou o seguro social, que inclui o benefício da previdência. O desconto na fonte é obrigatório no país a todos os trabalhadores assalariados. Para tentar amenizar o problema, os governos do Brasil e do Japão assinaram, em julho de 2010, um acordo na área previdenciária, que prevê os benefícios da aposentadoria por idade, por invalidez ou pensão por morte. No entanto, o acordo ainda gera muitas dúvidas entre os brasileiros por não contemplar o benefício por tempo de contribuição. Como a maioria dos brasileiros que vivem no Japão não pagam o sistema previdenciário, só restaria a aposentadoria por idade, excluindo os casos específicos.”

QUE ESTES DADOS ACIMA SIRVAM DE ALERTA AOS MAIS JOVENS!

Não é de hoje que a Connexion Tokyo tem alertado sobre o assunto. Atualmente, a faixa etária média na comunidade é de 37 anos. Acima dos 40 anos muitos trabalhadores já encontram dificuldades para serem contratados. E 60 anos é a idade média limite para quem está empregado, mesmo assim, não é garantida a permanência do trabalhador no emprego até essa idade.

Mesmo com o acordo previdenciário em vigor a partir de 2010, a futura aposentadoria desses brasileiros, hoje, na idade média de 37 anos, por exemplo, será insuficiente para se manterem, dado às regras do acordo para quem não contribuiu o tempo máximo, mesmo somando o tempo de trabalho aqui e no Brasil.

E ainda há entre os brasileiros acima dessa faixa etária (37) quem esteja procurando se endividar, entrando em financiamento de casas novas, com valores acima de 28 milhões de ienes, por exemplo. Neste valor, a pessoa começa pagando parcelas de 80 mil ienes aproximadamente, porém, posteriormente vai aumentando, passando de 100 mil ienes por mês. Para quem tem dificuldades em economizar dinheiro pensando no futuro, estando pagando apenas 40 mil ienes de aluguel, imagina pagando mais de 80 mil ienes de prestação? Já imaginou? E será que compensa mesmo se aventurar nisso não tendo ao menos garantias trabalhistas, sendo trabalhadores temporários?

Portanto, é bom pensarmos bem antes de entrarmos em financiamentos de longo prazo visando adquirir um bem caríssimo, mas que com o tempo se deprecia – a construção perde totalmente o valor com o passar dos anos; casa no Japão não é investimento como no Brasil. Lá ainda há a valorização imobiliária. Só para exemplificar, em 20 anos, os terrenos no Japão tiveram uma valorização de apenas 5%; já no Brasil, nos últimos 15 anos houve uma valorização na média de 600% – bem acima da inflação acumulada no período. E outra, além do valor de custo do imóvel, o proeminente comprador deve sempre levar em conta os gastos com a manutenção do bem, que são altíssimos. Aliás, para tudo que for comprar, nunca olhe apenas o preço que está na etiqueta, pense sempre se haverá custos adicionais para manter tal aquisição e se compensa arcar com tais custos. Às vezes, o que é barato na etiqueta, na hora da compra, pode ser uma tremenda dor de cabeça com o passar do tempo.

Considerando estes alertas, é preciso, mais do que nunca, replanejar a permanência aqui, ou o retorno para o Brasil, ou seja, planejar o futuro agora e ter equilíbrio daqui em diante, pois “a passagem do tempo deve ser registrada na coluna dos débitos dos projetos de vida. Ela traz perdas, não ganhos”, como já alertou um pensador contemporâneo. Isto vale também para os mais novos e para as novas levas de brasileiros que estão vindo para cá em busca do “sonho decasségui”, que para muitos foi um pesadelo. (Estamos a ver o movimento “decasségui II, o retorno dos (des)iludidos”).

Vale reforçar o alerta: ATENÇÃO! Mesmo diante das incertezas quanto ao futuro e ao estresse cotidiano advindo do trabalho nas fábricas, o consumo desenfreado não é a melhor saída para os brasileiros aplacarem o estresse provocado pela rotina de trabalho, indecisão e incertezas no Japão. Para aqueles que estão chegando agora, seria bom pensarem bem em economizar já nos primeiros meses aqui. Costumo dizer que os primeiros meses são fundamentais para definir se a estadia aqui será proveitosa na construção de um futuro um pouco mais garantido para o trabalhador que aqui se achega e para sua família.

Seria sempre bom se todos nós planejássemos para além do minimamente necessário, buscando viver intensamente o presente, investindo em bens relacionais mais do que em frivolidades materiais, sem nunca negligenciar o futuro. Mais cedo ou mais tarde, a depender da idade de cada um, o futuro chegará e cobrará a preparação que deveria ter começado no passado. Ou no presente momento.

Um forte abraço.

By Connexion.tokyo Team

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Referência:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/cidade-japonesa-tera-asilo-so-para-brasileiros-sem-aposentadoria.htm