Ser efetivo e ser terceirizado no Japão?

Vale a leitura. Observações de um brasileiro:

“Na empresa em que trabalho, efetivos entram recebendo ¥ 180 mil como mensalistas; adiciona-se a isto ¥3.000 por ano trabalhado, até os 40 anos de idade. Trabalham até o fim do expediente, não recebem por trabalho realizado em horário extra, só uma gratificação a ser paga no bônus quando as horas extras ultrapassam a média de 40h mensais. O bônus varia de 250 mil a 300 mil duas vezes ao ano; mas não é garantido receber o bônus. E efetivo não pode trabalhar fazendo bico (arubaito) em outro serviço.

Os terceirizados entram recebendo ¥1.200/h, podendo chegar a ¥1.500/h. Se tiver carteira de empilhadeira ou outra habilitação, por exemplo, podem receber um adicional mensal, que varia de ¥10.000 a ¥20.000. Recebem por hora extra normalmente, adicional de 25% sobre a hora normal e um outro adicional se passar das 22:00 hrs ou se exceder 50h/mensais. Fazer arubaito em outro serviço é permitido.

Se calcular o quanto um efetivo (shain) e um terceirizado ganha de renda anual, dá para perceber que o terceirizado ganha mais; o efetivo ganha status e uma certa “segurança”. Já o salário anual de terceirizados pode passar facilmente os ¥ 4 milhões.

Conversando com japoneses efetivos, alguns reclamam quando veem os gensen’s (comprovante de renda anual) dos terceirizados dizendo: “いいね!派遣のほうが…”. Dizem também que ser efetivo só muda o patamar de salário se for em grande empresa, nas multinacionais; em pequena e média, que é a maioria em qualquer país, não há muita diferença, a não ser que for cargo de chefia, e isto também só se tiver muito tempo dedicado à empresa, tipo “vestir a camisa” mesmo, viver pela firma.

Ouve-se muito falar sobre os benefícios de ser shain e tal, mas acho que isto é uma “generalização burra”, como toda a generalização. Ao menos na empresa em que trabalho não vejo grande coisa. Mas parece que há este folclore na cabeça de muito estrangeiro terceirizado aqui no Japão, que pensa que japonês efetivo está ganhando o dobro fazendo o mesmo serviço.

O que eu vejo disto tudo, vivendo e conversando com japoneses, não só da firma em que trabalho, é o seguinte:

Se você quer ter uma relação de afetividade com a empresa, status, facilidade na liberação de crédito, busque ser funcionário efetivo; mas se você quer dinheiro no bolso mensalmente e liberdade, busque trabalhar de forma flexível, sendo terceirizado mesmo, adquirindo habilitações para incrementar o salário hora, e adquira capacidade de negociar. Muitas empreiteiras não aumentam salário de forma generalizada, mas individual, dependendo da forma como o funcionário trabalha e aborda o responsável na hora de pedir o aumento.” — P. R. S., Gifu.

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