Japão calando quem pensa. Governo quer acabar com cursos de humanas.

Antes que o governo Abe limite sua ida ao banheiro e diga quantas notas de ¥1.000 você pode ter na carteira, Japão para pensar!

Em carta enviada a todas universidades nacionais japonesas, o ministro da Educação do Japão recomendou que cursos de humanas e ciências sociais sejam fechados ou adaptados para servir melhor as “necessidades da sociedade”.

O pedido foi enviado no início de junho. Das 60 universidades que oferecem cursos de Humanas, 26 já confirmaram que irão fechar ou reduzir as disciplinas na área, seguindo, como CAPACHOS, a recomendação do governo.

Dezessete reitores já confirmaram que não vão recrutar novos alunos para cursos de humanas, incluindo graduações em Direito e Economia; em outras palavras: “vão abaixar a cabeça e aceitar o governo Abe implantar seu neo-totalitarismo disfarçado de proposta educacional inovadora”.

Segundo informações da mídia, “acredita-se que o pedido seja parte dos esforços do presidente Shinzo Abe para promover o que ele chama de ‘vocações educacionais mais práticas que satisfaçam as necessidades da sociedade’. Porém, a ação também pode ser conectada com a atual pressão financeira sobre as universidades japonesas, relacionada ao baixo índice de natalidade e a diminuição do número de estudantes. Esses fatores contribuem para que muitas instituições funcionem 50% abaixo de sua capacidade.”

Na minha humilde opinião, o ponto nevrálgico é a “revolta” contra a “Legislação de guerra” defendida pelo governo Abe. O governo vem enfrentando forte oposição de universitários japoneses, principalmente de acadêmicos da área de humanas, e já pôde observar que é o único campo do processo de escolarização que não está totalmente subserviente ao sistema.

Então, a solução é fazer pressão para acabar com ou ao menos minguar a formação na área, e assim evitar o debate, a produção acadêmica crítica, a formação de livres pensadores etc., além de limitar as opções, privando os futuros estudantes acadêmicos que têm mais aptidão para humanas de cursar o que querem.

Contra a intervenção do estado na educação formal

Sou contra a intervenção ou pressão do estado na educação superior; na verdade, sou contra a intervenção do estado e obrigatoriedade na educação básica em geral; sou defensor do Homeschooling seja aqui, no Brasil ou em qualquer outro lugar; a educação escolar convencional não deveria ser a única modalidade de ensino na educação básica.

Vejo que aqui no Japão, a escola — entendo a escola pública como braço do estado intervindo na vida e na formação do indivíduo — impõe uma carga horária excessiva e uma rotina de atividades diárias, sete dias por semana, a qual vai tirando o adolescente, aos poucos, das reuniões familiares; nos finais de semanas, os alunos estão sempre participando de atividades relacionadas às disciplinas extra-curriculares – bukkatsu.

O jovem japonês se distancia muito do convívio familiar e vai se tornando cada vez mais uma peça na engrenagem da sociedade japonesa. Seus corpos vão se tornando uma espécie de propriedade do estado; a escola exerce um poder muito forte sobre a vida e decisões quanto ao futuro do aluno.

A escola monopoliza praticamente tudo relacionado a infância e adolescência. Ocupa o tempo, delimita os espaços sociais, planeja e organiza tudo para o aluno, a este só resta se enquadrar no que já foi pensado e planejado por burocratas do ministério da educação. Os jovens não têm nem o hábito de organizar sequer uma partida de qualquer esporte com autonomia, pois a escola monopoliza, tampouco se reunir para organizar um campeonato de bairro, por exemplo.

Finalizo

Não bastasse o poder do estado na educação, o governo Abe segue na sua sanha em intervir e controlar tudo: na economia, desvalorizando o iene, prejudicando pequenos e médios, e beneficiando as grandes empresas e os amigos do governo; intervindo na renda, via aumento de impostos e encargos; no controle da vida dos cidadãos, via My Number e monitoramento de contas bancárias; e por último, esta tentativa de anular a formação em Humanas.

É um governo com forte tendência ao totalitarismo. Acho que no coração do Abe bate uma certa nostalgia pelo antigo Japão Imperial pré-guerra.

By Connexion.tokyo Team

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