Como a sociedade japonesa enxerga os estrangeiros?

Como a sociedade japonesa enxerga os estrangeiros?

A sociedade japonesa vê os estrangeiros do setor primário, como desprovidos de instrução, como pobres que chegaram ao país não para cooperar, somar e ajudar e sim para tirar proveito gerando uma interpretação errada e descontentamento em muitos.

Agora quando o estrangeiro domina o inglês, independente da nacionalidade, são melhores aceitos. Isto a primeiro impacto, pois se conseguir mostrar ao japonês que você tem mais conhecimento do que ele, com certeza ele irá ter respeito por você, mas para isto precisa de comunicação, para quem sabe o inglês sem usá-lo como soberba, já está a um passo acima do japonês, por isto o tratamento diferenciado.

Existe um gancho aqui, não é generalizado para toda a população, mas a grande maioria da sociedade japonesa tem essa visão pela falta de conhecimento de mundo e do próprio Japão, aliada à incompetência do governo em lidar com este assunto de uma forma clara.

Vejam que até o ganhador do prêmio Nobel, o Professor Nakamura, também disse que a falta de exposição à culturas estrangeiras gera um “etnocentrismo paroquial”, que permite o “controle da mente” dos jovens pelo governo. Segundo o professor: “[…] A coisa mais importante que os jovens podem fazer é ir para o exterior e olhar para o Japão com os olhos de fora […] O povo japonês tem que acordar sobre as coisas ruins do Japão. Acho que isso é muito importante”. (As falas foram extraídas do blog Rocketnews24)

A sociedade japonesa não está preparada para receber o estrangeiro, seja na locação de um imóvel, na concessão de um crédito mínimo mesmo que seja para emissão de um cartão de credito. Já disse isto em outro texto.

Os mais prejudicados são os que têm família morando e vivendo na sociedade japonesa, e não conseguem fazer mais para ajudar sua família pelas limitações que as responsabilidades os impõem; altas cargas horárias e exigência exagerada das empresas contratantes e contratadas; isto envolve uma conivência entre as empresas de ponta que precisam desta mão de obra e aproveitam os serviços destes estrangeiros resultando em lucro no final, com toda certeza.

Vendo a inserção nas escolas japonesas de crianças estrangeiras, em relação às diferenças culturais, não se ensina nada às crianças japonesas. Algumas crianças pensam que em países como Brasil muitos ainda não usam roupas ou que não existem caros. Coisas simples, como acostumar aos poucos com o clima regular do Japão, não ensinando isto as crianças japonesas principalmente no inverno a resistência ao frio que demora mais para ser compreendida pelos estrangeiros.

As escolas poderiam explicar melhor a seus alunos esta interação, promovendo 1 ou 2 dias no calendário a cada 3 ou 6 meses para explicar sobre as culturas e costumes dos países das crianças estrangeiras que estão iniciando nas escolas japonesas. Isto é o mínimo necessário para mudar as coisas. Disponibilizar a apresentação aos pais em reuniões escolares, fazer um breve resumo da vinda de estrangeiros aos alunos e aos pais de alunos como necessário e primordial para continuar a fazer o país crescer economicamente mantendo a manutenção de todos, principalmente dos japoneses.

As empresas, por sua vez, têm de liberar os estrangeiros para participarem desta integração, pois é de suma importância para a sobrevivência harmônica no país. Será difícil fazer este procedimentos ou falta força de vontade e respeito do governo e empresários para com os estrangeiros?

Não esqueçam que os estrangeiros estão no Japão de forma totalmente legalizada (quase a totalidade) e não são ilegais como a maioria dos estrangeiros que estão na Europa e Estados Unidos.

A verdade é que os japoneses são preconceituosos pelo desconhecido. Quando as pessoas conseguem se explicar e ensinar coisas úteis e novas aos japoneses, há uma troca de interesses, e isto muda a visão dos 2 lados, conseguindo amizades e maior aceitação na sociedade japonesa.

Qualquer país irá ser preconceituoso com as classes trabalhadoras que fogem dos padrões estabelecidos pela local, quando não se tem a compreensão da importância e necessidade dessas mão de obra para o país.
O mesmo acontece nos Estados Unidos, Europa e no próprio Brasil; os estrangeiros são vistos como problemas e não como uma peça necessária para a economia do país. Quando estão legalizados, tem as mesmas oportunidades porque a lei e igual a todos.

É triste, mas tudo acaba sendo um conluio canalizado para que todas as informações, dicas e experiências fiquem limitadas às empresas e pessoas que ganham a vida nesta lacuna que o governo deixa em relação a não criar políticas públicas claras para este problema.

O governo por sua vez, faz o mínimo e ainda recebe agradecimentos da maior parte dos estrangeiros, a qual acredita que o governo japonês faz o máximo pelos estrangeiros. Os estrangeiros precisam estar no mesmo alinhamento de direitos e respeito e não somente obrigados a cumprirem todas as obrigações.

Mais uma vez, pela incompetência do governo japonês em lidar com esse assunto, pelo descaso em não tomar medidas simples e objetivas de inclusão, estudem, aprendam e dominem o idioma, mostrem seus conhecimentos de sua cultura ao japoneses; estude sobre o Brasil no geral também. Não fiquem limitados somente a sua região; nunca é tarde para aprender mesmo que seja pelo seu desconhecimento de Brasil, aprenda para ensinar. Somente existe mudança quando se soma esforços para isso.

Os japoneses são fortes e conseguem muitas coisas porque são unidos num bem comum. Hoje já existem muitas famílias de estrangeiros que podem criar suas associações, pois já tem residência fixa aqui, e mesmos os que ainda não tem, já vivem enraizados nas cidades, tem seus filhos estão estudando nas escolas japonesas, são contribuintes e pagantes de impostos. Qualquer associação bem organizada é sempre ouvida pela prefeitura local, e tem prioridades em atendimento e interesse dos prefeitos quando se tem o bem comum da comunidade como foco.

Fujam de pessoas que querem sensacionalismo, façam como japoneses, se associam a pessoas simples e trabalhadoras como vocês. Não queiram estrelas para representá-los, sejam as estrelas!
As donas de casa seriam as melhores para cuidar disto.

Lembrem-se: A união faz a força e sabedoria soma esforços.

By Connexion.tokyo

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