Cidadania japonesa para os filhos de estrangeiros.

Uma leitora nos enviou um email com o seguinte questionamento de seu filho de 14 anos e nos pediu ajuda. Ela gostaria que pudéssemos enviar o pedido a um órgão do governo japonês ou ainda ao governo brasileiro para ter um solução para o problema de seu filho.

(Ressaltamos que traduzimos o email de seu filho que estava em japonês):

“Mamãe, se eu nasci no Japão, nunca fui para o Brasil, nem português sei falar direito, porque eu não posso ser japonês? Eu gostaria de participar das Olimpíadas, meus amigos estão treinando para um dia ir para as Olimpíadas em 2020. Os professores dizem que a escola não pode investir em mim, na minha habilidade para os esportes porque eu sou estrangeiro.

Na minha escola tem mais alunos estrangeiros e todos nós não temos o mesmo incentivo e tratamento para praticar os esportes. O que ninguém entende é que todos nós nascemos no Japão e nem conhecemos o país do nosso passaporte.

Se o papai fosse japoneses eu poderia ter chance de ir para as Olimpíadas. Tenho um amigo “half-half” o pai dele é da Nigéria e a mãe japonesa. Ele tem chance de ir para uma Olimpíada, o professor disse que ele é japonês mesmo o pai sendo da Nigéria.

Eu só queria poder ser atleta. Eu não quero ser empregado de fabrica como o papai. Eu quero tentar ser atleta mas não consigo, não me deixam por ser estrangeiro.

Meu irmão que gosta de beisebol tem o mesmo problema. Para um dia sermos atletas nós temos que voltar para o Brasil? No Brasil nem beisebol tem, o papai falou que não tem time profissional lá.

Eu nem conheço nada lá no Brasil, não sei nem falar direito o português. Lá eu não teria nenhuma chance porque não sou brasileiro também, não sei o que é ser brasileiro.

Eu disse para o professor que o papai comprou casa, nunca mais voltou para o Brasil e mesmo assim o professor disse: Você ainda é estrangeiro, a escola prepara atletas para representar o Japão, apesar de você morar no Japão, você é estrangeiro, desculpe mas, as regras são estas.

Estou triste, estou muito triste em não poder ser um atleta e por não poder ser atleta no Japão e nem no Brasil. Eu não quero ser empregado de fabrica, eu quero ter direito a lutar pelo meu sonho.

Mamãe, como você pode me ajudar? Meu irmão também vai enfrentar o mesmo problema que eu. Somos estrangeiros mas sabemos tudo do Japão, da cultura e língua, porque ainda somos estrangeiros?

Sou brasileiro, eu não sei nada sobre o Brasil, eu gosto do Brasil das pessoas do Brasil, um atleta não fica pensando no que é ruim de um país, um atleta quer apenas ser atleta. Mamãe, por favor, me ajude para depois eu poder ajudar meu irmão.”

O email mostra um pouco a insegura de jovens quando deparam com o problema de nacionalidade.

Muitas famílias fazem escolhas para o resto da vida e simplesmente esquecem de verificar o que realmente seria o melhor para seu filho.

Se os pais estrangeiros escolheram viver para sempre num outro país, os pais deveriam pensar em possuir a nacionalidade local aumentando as chances de seus filhos serem mais do que meros empregados em empresas e corporações.

Não é tabu dizer que o Japão protege seus nacionais e coloca os estrangeiros em segundo plano, qualquer país faz isto.

Não vamos também dizer que a culpa neste sentido é do Japão porque não dá nacionalidade para os filhos de estrangeiros nascido no país. A lei de nacionalidade existe no Japão há muito tempo e nao vai mudar para ajudar os filhos de estrangeiros, os pais que devem ser competentes para tirar a cidadania japonesa e colocarem seus filhos em mesma condição de igualdade que os nacionais.

Neste caso, nas escolas e casos de jovens estrangeiros nascido no Japão impossibilitados de entrarem para o serviço publico por baterem de frente com a falta de cidadania japonesa, tem como protagonista principal os pais que apesar de escolherem o país não pensam em tirar a cidadania local.

Existem alguns problemas que dificultam o pedido da cidadania japonesa como não conseguir provar condições de ter garantido a sobrevivência da família, impostos em atraso, falta de contribuição previdenciária nacional obrigatória a “todos que residem no Japão” e o principal:

”A falta de domínio no idioma japonês escrito e falado a um nível mínimo exigido.”

O governo japonês não irá mudar as regras somente para facilitar a vida dos estrangeiros que residem em definitivamente no país. Mais uma vez, cabe aos pais estrangeiros a responsabilidade de se enquadrar nas exigências e requisitos para terem a nacionalidade estendida a seus filho.

Fica a dica para que os estrangeiros que optam por viver definitivamente no Japão, atente para os problemas que seus filhos possam a ter por serem estrangeiro no único país que eles nasceram, cresceram, aprenderam a língua, cultura, costumes e mesmo assim serão estrangeiros limitados em muitas opções onde os nacionais tem acesso.

By Connexion.tokyo Team