Serviços disponíveis a jovens estrangeiros estudantes no Japão 2016.

Olá!

Meu nome é Alimov, tenho 28 anos, solteiro, nasci no Uzbesquitan e sou muçulmano (nao confundam com terrorismo hahaha, quase 95% dos alunos japonês pensam em terrorismo quando se fala em ser muçulmanos). Fui convidado por um amigo a contar um resumo do que se passou nestes quase 8 anos de Japão.

Cheguei ao Japão fluente no inglês – obrigatoriedade para ingressar nas universidade japonesas sem o domínio do japonês. Além de minha língua natal eu falo o russo. Então cheguei ao Japão sendo fluente e licenciado em 3 línguas.

Cheguei ao Japão aos 20 anos para ingressar na universidade japonesa. Achei que seria uma excelente oportunidade de ter um diploma num país onde a escolarização ocupa as 5 primeiras posições no ranking mundial.

Passei no teste de admissão, fiz a entrevista e fui aceito. Em 12 meses tive que estudar a língua japonesa e conseguir a proficiência na língua de acordo com as exigências do programe de bolsa de estudos para estrangeiros.

Como estudantes, fiquei isento de impostos, pagava somente o valor mínimo de seguro saúde – media de 14.000 por ano -, e era autorizado a trabalhar 28 horas por semana.

Minha ideia era estudar e poder trabalhar em “part-times” em programas de treinamento para estudantes de acordo com sua área. Uma combinação perfeita para um estudante. Aprender na teoria e poder praticar e empregar o que se aprende na universidade. Imaginei-me com a formação académica japonesa e experiência profissional como um “treinee”nas empresas japonesas.

Tive muitas surpresas com o Japão, espero ter a chance de conta-las um dia em outra oportunidade.

Chegando ao Japão, fica fácil perceber as diferenças e vantagens que os estrangeiros levam em relação a japoneses e estrangeiros que vivem e trabalham no Japão.

Os estudante estrangeiros tem faculdade gratuitas e os estudantes japoneses e estrangeiros que vivem no país precisam pagar até as universidades publicas.

Existem muitas universidades japonesas e qualquer um consegue entrar e sair sem muito problema. Existem teste e inúmeras chances de se terminar um curso nas universidades japonesas.

A grande maioria dos cursos são de 4 anos onde no ultimo ano os alunos tem apenas 1 dia por semana de aula, alguns com 6 horas aulas por semana, outros 4 horas aulas por semana. Vejo apenas como um paliativo para que os alunos no seu ultimo ano possa fazer “part-times” e adquirir experiência profissional. Correto? Infelizmente não, esta é a realidade.

No Japão não existem um programa de treinamentos de alunos por parte das empresas. Os estudantes fazem “part-time” em serviços nos mais diversos setores e nunca nas empresas que irão trabalhar ou nas empresas que contratam recém formados.

As empresas japonesas querem estudantes virgens, muitas os contratam no final do terceiro ano porem, somente ingressam estes jovens quando os mesmos terminam o curso.

Eu estudei administração de empresas por 4 anos, depois de 6 meses fiz um projeto e consegui ser aceito no curso de pós graduação em administração e continuei os estudos por mais 2 anos e meio.

Neste período, ganhava o equivalente mais ou menos 99.000 por mês, durante os 4 primeiros anos. Na pós graduação eu recebia uma bolso no valor de 115.000 e universidade totalmente gratuita, coisa que os japoneses nunca tiveram acesso a esta mesma oportunidade.

Agradeço a chance de ter estudo no Japão, porem um pouco de arrependimento de não ter tido oportunidade de praticar a experiências na minha área de estudos.

Nestes quase 8 anos de Japão, fiz inúmeros part-time, principalmente nos 2 últimos anos de minha pós graduação onde bolsa tinha um valor de apenas 2/3 dos primeiros 4 anos.

Meus empregos foram, atendente em lojas de conveniência, atendente de bares e restaurantes, trabalhei em empresa de fabricação de pão, empresas de peças para maquinas de “patinkos”, trabalhei em empresa de mudanças, fiz inspeção em peças de veículos e até empresa de demolição.

Como os jovens são liberados para trabalhar apenas 28 horas por semana, muitas empresas dão empregos aos jovens e lhes pagam o dia de trabalho sem computar as horas reais de trabalho. Exemplo na empresa de mudanças, eu ganhava 7.800 pelo dia de trabalho das 7:30 até o final do serviço. Muitos dias chagava na empresa as 23:00, isto mesmo e não ganhava horas extras.

As empresas que controlam melhor o ponto de trabalho e pagam por hora como lojas de conveniências e fabricação de pão, pagam por horas, já as outras pagam por dia e se fizer as contas, tem dias que não chegava a ganhar 550 ienes por hora.

Como me sujeitava a trabalhar assim? Ora se era autorizado a trabalhar apenas 28 horas por semana, as outras horas nao poderiam ser computadas e por isto as empresas não se preocupam em pagar correto pois, sabem e tem a certeza de que os estudantes não irão reclamar por também estarem errados em trabalhar mais do que a lei permite.

Os apartamentos que aceitam estudantes com facilidade tem preços médios de 35.000 a 55.000 se forem próximos as estacões e as universidades, somando todas as despesas com alimentação, gasto com livros, internet e telefone celular, fica fácil perceber que ninguém consegue viver com dignidade ganhando 99.000 por mês e trabalhando 28 horas por semana.

Eu tentei fazer como alguns amigos que dedicavam 1.000 por dia para fazer todas as refeições mas, confesso que foi impossível e adoeci dentre de 3 meses e tive que gastar com despesas medicas. Como gasto medico? Todas as depenas medicas tinha que arcar com 30% do tratamento e remédios mesmo sendo estudante.

Ouvia sempre alguns professores dizendo que era possível entrar para uma empresa japonesa e ser um estagiário no terceiro e quarto ano dependendo do desempenho e força de vontade.

No período de 2 anos, começa a bater uma saudade de casa, dos pais, da família e a vontade de retorno é muito grande. Assim precisa trabalhar mais e juntar mais dinheiro para a volta ao lar. Alguns tem pais em boas situação financeira em seus países e os pais podem bancar os custos de viagens e ainda ajudar um pouco por mês.

Contudo, a grande maioria dos estudantes que optam pelo Japão, são de famílias simples, de família de trabalhadores que veem no Japão uma boa oportunidade de estarem num país de primeiro mundo e terem seus filhos ingressados nas empresas japonesas e na sociedade japonesa tendo as mesmas chances e oportunidades do que os nacionais.

Acostumar ao Japão é muito fácil, segurança, um país limpo onde as pessoas são educadas para cuidar de seu espaço e não atrapalhar o espaço do outro. Em muitos pontos eu vejo um enorme controle mental desde a formação escolar fundamental onde o Estado cria pessoas com hábitos introduzidos para que o Estado tenha o menos custo possível com limpeza e serviços essenciais a população onde os mesmos são realizados pelos próprios contribuintes.

Ve aqui a intenção do Estado de poupar os impostos arrecadados economizando nos serviços públicos que os próprios contribuintes fazem sem saber que ainda estão pagando impostos caríssimos para serem empregados indireto do Estado. O mesmo em empresas onde não existem pessoas que cuidam da limpeza, cada consumidor leva seus pratos e utensílios utilizados durante a refeição para os locais que facilitem a trabalho dos staffs.

Eu vejo da seguinte forma: Introduzir nas pessoas esta atitude no sentido de haver economia na contratação de empregados e maiores lucros das empresas. Como todos fazem isto em locais públicos, acabam fazendo a mesma coisa em locais privados cooperando com o lucro indireto das empresas.

Contar sobre minha historia sem fazer os comentários que acho necessários o texto ira ficar um pouco grande.

Vejam que o Japão cria economia tanto para o Estado quanto para as empresas obrigando os contribuintes a trabalhar de graça neste sentido e tirando postos de trabalhos dos empregados de limpeza. Fácil perceber que o lucros das empresas japonesas são grandes e os salários pagos pequenos.

Voltando ao assunto estudante, fica muito nítido hoje que mesmo o país fornecendo cursos gratuitos e fornecendo ajudas de custo de sobrevivência, a exploração sobre os estudantes é gigantescas, publica e notária mas, nenhum jornalista fala sobre isto.

Os professores japoneses são pessoas que não querem formar alunos. Eles formam empregados de empresas e os conduzem para obedecer hierarquias sem haver discussão ou sugestão.

Um outro ponto muito engraçado é que as melhores empresas contratam somente japoneses e estrangeiros considerados gênios. Não existe espaço para os estudante normais.

O mais engraçado disto tudo é que alguns professores estrangeiros falam em off com alguns alunos sobre esta situação pedem a eles para estarem atentos, outros apenas fingem não saber de nada.

Em muitos casos os alunos estrangeiros chegam com a família toda ao Japão recebendo apenas a bolsa de ajuda de 99.000 a 148.000 ienes. Eu via muito o desespero de amigos tendo que trabalhar muito, estudar pouco para conseguir se manter e manter sua família. O engraçado disto é como o governo autoriza estudantes trazer família se lhes são permitidos trabalhar apenas 28 horas por semana?

Quando e levanta a questão trabalho escravo, muitos acham e veem a noção de pessoas acorrentadas, trocando serviço por alimento e por ai vai.

Eu vejo trabalho escravo encoberto esta situação do próprio governo japonês estabelecer e autorizar estudantes a entrarem no país os limitando em “X” horas de trabalho sabendo que é impossível sobreviver no Japão com o que o governo determina.

Muitos alunos desistem do curso, outros se sacrificam e se esforçam com a intenção de entrar numa empresa japonesa e terem a recompensa no plano de carreira e oportunidades de crescimento profissional. Esta situação com toda certeza daria outro grande texto que pretendo contar a todos.

Neste período de quase 8 anos de Japão, apesar de ter procurado serviços no segmento de meus estudos não consegui ser aceito em nenhuma empresa somente porque não existe sistema de treinamento para estudantes como disse.

No ultimo ano de formação académica é onde os estudante estrangeiros mais sao explorados pela alta carga horária que fazem para que ajudem na passagem de seus pais para estarem presentes na formatura na universidade. E quando se traz os pais, seriam um desperdício não conhecerem um pouco do Japão e tudo isto custa dinheiro que o estudante estrangeiro quer proporcionar a sua mãe ou pai que vem para sua formatura.

Espero ter conseguido transmitir a ideia do que seja estudar nas universidades japonesas e como funcionam as coisas para os estudantes estrangeiros. Claro que existem outras situações, contudo posso afirmar que quase 85% dos estudantes passam por isto e não cometam no sentido de se sentirem fracassados pela escolha de ter estudado no Japão.

Eu particularmente, sai da universidade fluente em 4 idiomas, os 3 que ja dominava mais o japonês. Consegui um emprego numa empresa em Aichi-ken com um salário bruto mensal de 245.000 ienes e mais benefícios de bilhetes de trem, ajuda de aluguel de 15.000 ienes. De acordo com um professor japonês, é um bom salário para um jovem recém formado.

Eu me considero mais explorado ainda depois de ter deixado a faculdade. As empresas japonesas fazem coisas inaceitáveis em qualquer outro país. Posso dizer o que acontece comigo:

Reuniões diárias antes do horário de trabalho, todos os dias fico saio da empresa as 19:30 e não recebo hora extras, nos 3 primeiros anos meu salário é fixo. Tenho 2 reuniões aos sábados e nos reunimos em outros sábados para discutir projetos de trabalho, sem receber horas extras.

Como ninguém reclama, os japoneses fazem isto por mais de 40 anos se for reclamar perco o serviço e o meu visto de 1 ano não é renovado.

Meus colegas de faculdade japoneses que falam somente o japonês tem o mesmo salário com menos responsabilidades pela fluência de idiomas que uso em prol da empresa. Em suma a minha fluência em 4 idiomas não tem nenhum valor porque recebo o mesmo que meus amigos japoneses que falam somente japonês.

Porque não procuro emprego em outro lugar? Como disse meu visto esta condicionado a contratação da empresa e terei que esperar um pouco mais para ter visto de 3 anos de trabalho.

Vejam que o governo atua como uma controlador direto na vida dos estudantes estrangeiros. Estou de malas prontas para deixar o Japão, para sair do emprego e tentar a sorte em qualquer outro país.

Estou levando na bagagem o domínio da língua japonesa e a experiência em apenas ser ainda um “KOUHAI” um novato com experiência somente em traduções de manuais e outras coisas. Nas empresas japonesas os jovens por 3 a 5 anos tem serviços de office-boy e somente vão acrescentando responsabilidades de acordo com a idade.

No Japão não se tem um profissional de 30 anos que domine todos os serviços da empresa. Os trabalhadores são tratados como crianças que precisam esperar sua hora de aprender os serviços por mais simples e fácil que seja.

Depois de tudo isto, fica fácil perceber o porque a cada 10 alunos estrangeiros menos de 3 ficam no Japão. Não existem incentivos aos jovens, não existem uma projeção de futuros e os chefes são na verdade inimigos. não existe chefes que brigam pelo grupo, os chefes são apenas como feitores que executam as ordens de cima sem ao menos questionar ou defender seu time.

Passar 10, 20, 30 até 40 anos numa empresa sendo apenas uma marionete sem chance de ter um plano de carreira digno de um profissional competente, transforma o Japão num país de frustrados e pessoas propensas a suicido. Esta é minha visão das empresas japonesas.

Deixo claro que adoro o Japão, gosto da organização limpeza, segurança mas, existem o sacrifício de pessoas que tem seus sonhos limitados ou suprimidos pelas empresas e pelo governo que vende o melhor marketing do mundo para captar estudantes.

Obrigado pela oportunidade de dizer o que penso deste sistema.

Alimov, 28 anos.

By Connexion.tokyo Team