Vejam como são as armadilhas de empreiteiras que precisam preencher por um curto período de tempo. Todos nós sabemos que as empresas japonesas tem um cronograma de serviço onde sabem exatamente a quantidade de peças as serem produzidas. As empresas enviam desalmadamente seu programe de produção e a quantidade de pessoas que precisa incluir no seu quadro de funcionários. As empresas japonesas trabalham com contratos e precisam cumprir as metas.
Este cronograma é somente alterado se haver acidentes, desastres naturais ou crises mundiais. No caso de crises mundiais, não existe muito pânico, as empresas sabem exatamente até onde ira cair sua produção. Pensem pessoal: “Uma empresa multinacional tem as melhores cabeças de empregados em seu quadro de administradores, tem os melhores economistas, contadores, advogados e por ai vai.
Não podemos pensar que aquele “Tantousha” “sorriso alegria” que usa um crachá e celular pendurado no peito e exerce “trejeitos” de japonês: “É tôooo!!!” “É tôooo”, e fica postando e compartilhando tudo que é coisa de auto-ajuda e motivação nas redes sociais.
Não “é tôooo que nada não”, não é este cidadão que determina algo sobre produção. Claro que não, mas com toda certeza que 4 não é 5, ele sabe com toda “certeza” qual a necessidade de mão de obra da empresa pelo período fiscal pelo menos de 6 meses ou 12 meses. Podem apostar que sabe e muito sobre isto.
O que as empreiteiras usam como desculpa é avisar os funcionários que não irá renovar os contratos – normalmente de 30 dias – alegando baixa de produção. Este golpe contra os estrangeiros já ficou desgastado. O mesmo golpe quando as mulheres estrangeiras engravidam e querem trabalhar. Quantas leitoras nos enviou email dizendo que seus contratos não foram renovados e no outro dia ligaram para o “tantousha” com outro celular e o mesmo disse precisar urgente de funcionário e se poderia começar no outro dia. Sim, ma mesma fabrica e no mesmo setor que tinha caído a produção. Que coisa mais feia!
Gravidas no trabalho, precisam de cuidados especiais que as empresas podem sim oferecer e são garantidas pela legislação japonesa que a grande maioria das empreiteira NÃO seguem e NÃO respeitam. (Aqui vocês precisam fazer valer seus vistos e lutar contra isto).
Os empregados não tem seus contratos renovados, e não existe erro nisto, afinal assinaram um contrato para um período de 30 dias ou 60 dias. A melhor maneira de demitir um funcionário sem problemas é a alegação de queda na produção mesmo que no outro dia sejam admitidos outros novos funcionários em seu lugar.
Vejam que o artificio de queda de produção nada mais é do que desculpa para não ter o empregado trabalhando. Existem os empregados problemáticos que podem ser demitidos por darem problemas, mais que justo para as empresas. Contudo, usar a desculpa de “baixa produção” é uma maneira desonestas que os encarregados sabem que não é ética.
Agora porque assinar um contrato com um prazo curto de tempo? Realmente quem procura serviço não se dá o luxo de escolher muita coisa. Tudo ´enfiado “boca a baixo”. Um descaso que o governo precisa dar conta. Contudo, acontece somente com os estrangeiros. Sim os japoneses tem empreiteiras separadas e contratos por tempo de 1 a 2 anos e 11 meses.
Você acha que aquele seu amigo japonês de Fukuoka-ken, de Aomori-ken, de Hokkaido, de Okinawa, de Wakayama-ken que só trabalha em empreiteira vem para Aichi para entrar numa empresa com contrato de 30 dias? Sabe de nao da não néh amiguinho!?
Claro que não. estou falando isto porque tenho amigos japoneses que são realmente “dekaseguis” no Japão e tem contrato de no mínimo para o período fiscal de um ano. (logo iremos colocar depoimentos de japoneses amigos neste sentido, ajuda as pessoas compreenderem o porque existem empreiteiras para estrangeiros e empreiteiras para japoneses).
A quem diga que os encarregados “tantoushas” estão preocupas somente com eles e a empresa e querem que todos cumpram suas obrigações sem lhes conceder seus direitos. Será que você conhece um bom “tantousha” que realmente se preocupa com os compatriotas e estão do lado da lei e da moral? fica aberto o espaço para aplausos e elogios a estas pessoas.
Vamos a experiência real que aconteceu com uma leitora, mãe solteira ao trocar de emprego com a promessa de um salário maior. Leiam com atenção:
V.M – leitora de Aichi-ken, Toyota-shi
“Eu estava há 8 anos numa empreiteira, ganhava 1.100 ienes por hora. Com a a crise e a alta dos impostos o salário passou a ficar “guiri-guiri” para passar o mês. Tenho uma criança para educar e não tenho marido e não sou a favor de ficar esperando ajudas e ajudas do governo japonês sem ser produtiva e lutar pelos meus sonhos.
Eu recebi um telefonema da “tantosha” de outra empreiteira oferecendo-me um salário de 1.200 por hora mais 2 horas extras diárias fixas e uma produção alta continua pela conversa inicial. A empresa precisa arrumar empregados que poderia trabalhar por um longo período de tempo (aquela velha historia de “tantoushas” e as empresas que querem compromissos de promessa e comprometimento com a produção e empresa), até aqui nada mais justo para um empresa que oferece condições serias de trabalho e respeito aos seus contratados.
Os “tantoushas” nos prometem mundos e fundos para preencher a vaga que a empresa tem em aberto.
Eu não pensei nenhum segundo e aceitei. Dei baixa no trabalho garantido que eu tinha e fui trabalhar na empresa que presta serviços as grandes montadoras.
Com 3 semanas de serviço que eu estava lá fazendo as ultimas adaptações ao novo serviço, a “tantosha” me disse que infelizmente tinha caído derrepente a produção e a empresa não iria renovar o contrato de várias pessoas e inclusive o meu.
(Pagina*: Vejam a velha historia da queda de produção e não renovação dos contratos curtos).
Confesso que senti uma tremenda rasteira naquele momento, o chão saiu dos meus pés, quase tive um ataque cardíaco, fiquei preocupadíssima, triste e chateada. Quando pensamos que estamos subindo um pouco nossa possibilidade de oferecer um conforto melhor aos filhos vem a queda da produção e somos dispensados ou substituídos por outros que eles desejam. Não temos nenhuma proteção contra este tipo de acontecimento ainda.
Ela, a “tantousha” me pediu desculpas e disse que iria me arranjar em outra fábrica um outro serviço e que teria outro “tantosha” que liderava a fabrica que estaria me contratando. Sem opcao e precisando trabalhar pelas responsabilidades do custo de vida, fui colocada com um salário reduzido de 1.000 ienes a hora de serviço com Shakai Hoken. Vejam que eu iria receber 130.000 mil por mês, sem hora extra e sem nenhum tipo de ajuda e sem direito a “yukyu” (folgas remuneradas).
Fui trabalhando na esperança de conseguir outro serviço e nada mais aparecia. Neste período fui acumulando dividas que até então eu não tinha.
Comecei a procurar por outro trabalho porque minhas contas não fechavam, era estar no negativo. Impossível sobreviver com um salário de 130.000 ienes, pagando aluguel e tendo que proporcionar uma boa alimentação e conforto que uma criança que vive no Japão precisa ter. Penso que nem um solteiro consegue sobreviver com 130.000 ienes por mês, quem dirá uma pessoa com um filho.
Neste período encontrei serviço numa grande empresa de em Anjo-shi por uma outra empreiteira que me ofereceu inicialmente 1.250 ienes a hora de trabalho.
Fui correndo e com uma grande alegria de ter conseguido um emprego nestas condições. O empreiteiro japonês disse que iria me colocar no Shakai Hoken , que o contrato seria de 2 anos e 11 meses e tinha 3 horas extras por dia e os sábados e domingos que trabalhasse fora do calendário da firma receberia 2.030 ienes a hora de trabalho.
(Pagina* Vejam aqui que estas condições são as condições que qualquer de empreiteiras japoneses são contratados, existem um plano de produção que é alterado somente se houver problemas de calamidade publica. Porque os estrangeiros ainda não sabem disto? Porque a midia local, jornalistas conceituados na comunidade e lideres comunitários não ensinaram isto até hoje? Porque manter este segredo que os empregados japoneses de empreiteiras tem tratamento diferenciado? Porque existem empreiteiras somente para estrangeiros e empreiteiras para japoneses? Vejam que quando um estrangeiro consegue ser contratado por uma empreiteira que não tem tratamento diferenciado para estrangeiros, nós nos sentimos ganhadores de “bilhetes premiados de loteria”. Um absurdo, temos visto de trabalho e pagamos impostos, temos que ter o mesmo tratamento. Até parece que o Ministério do Trabalho age com corpo mole quando tem japoneses fazendo reclamações trabalhistas.)
Finalmente eu comecei a trabalhar com um contrato assinado de longa duração pela primeira vez no Japão mas, sem ter o Shakai Hoken.
Eu trabalhava comandando 8 máquinas de solda e no segundo mês mesmo usando óculos de proteção e mascaras, os EPIs obrigatórios, uma faísca de solda entrou na parte de trás do meu olho olho e tive que fazer uma pequena cirurgia para retira-la.
O empreiteiro disse para mim que era “KANKENAI” (termo usado para dizer que faz parte do trabalho e não se importe com isto).
Eu disse que era acidente de trabalho e ele até então não havia me colocado no Shakai Hoken. Eu tive que pagar próximo de 20.000 ienes mil na cirurgia do meu bolso. Eu disse que iria ligar no ministério do trabalho para me informar se realmente num caso desse seria o “kankenai” que ele me falou. Neste momento, imediatamente ele me disse que não precisava ligar e era para que eu desse o recibo do hospital para ele. Haveria o reembolso do que eu gastei na cirurgia e então resolveríamos todo este problema.
Nesta mesma semana ele me disse que na próxima semana a empresa iria demitir todos os funcionários de sua empreiteira e ele me entregou uma folha toda em japonês e pediu para que eu assinasse naquele momento que ele teria que levar para a empresa.
Eu falo japonês mas, não leio. Eu disse que não sabia o que estava escrito ali e não poderia assinar mas, que ele me desse para levar para casa para que meu filho que sabe ler japonês fizesse a tradução para mim entender os termos daquele papel.
Ele ficou bravo e disse que jamais poderia levar para minha casa. Eu tinha assinar naquele momento e devolver. Eu pedi novamente a folha como se eu fosse assinar e devolver naquele momento.
De posse da folha eu disse: “Amanhã te trago tá ! Meu filho vai ler pra mim e pode ser ️ que eu assine como também não assine ok? Ele pediu à folha de volta e eu entrei no carro e fui embora.
Já em casa meu filho leu tudo e disse: “Mãe , logo aqui abaixo está escrito que você pediu demissão, você pediu as contas. Você vai paralisar o serviço por sua vontade.
Não assinei e no dia seguinte faltei o trabalho e fui ate Nagoya no Sindicado que atende trabalhadores estrangeiros e lá começou as complicações para este empreiteiro.
Conclusão:
A empreiteira foi chamada, foi esculhambada na minha frente pelos advogados. Eles ainda se e ainda se curvaram para mim, pediram desculpas e pagaram uma indenização por quebra de contrato no valor real devido, sem querer negociar nada. Pagaram conforme a lei determina.
Gente, não fiquem calados, essas empreiteiras só querem ganhar às nossas custas e ainda retirar muitos de nossos direitos.
Tem que colocar a boça no trombone sim e não aceitar quietinho as falcatruas deles. somos condicionados a apenas aceitar e ficar quietos, temos que lutar por nossos direitos e por estas safadezas que as más empresas sempre fizeram e ainda fazem com muitos trabalhadores.
V.M – Aichi-ken, Toyota-shi – (SIC)
O salário de 1.200 ienes são prometidos apenas como isca para salários mais baixos. As pessoas ficam refém das empresas que fazem o que bem entendem por terem certeza da impunidade porque ninguém vai correr atras de seus direitos.
A “tantousha” foi sincera em dizer que a produção caiu do dia para noite? Claro que não, eles sabem e possuem os cronogramas de produção e precisam dar conta de arrumar pessoas ou as empreiteiras pagam multas por não cumprir seus contratos. Aqui existe o jogo com a dignidade das pessoas e infelizmente este separatismo em empreiteira para japoneses e para estrangeiros precisa acabar.
O governo, o ministério do trabalho tem somente conseguem enxergar somente o lado das empreiteiras porque simplesmente os estrangeiros não tem voz sobre isto.
Estamos recebendo vários depoimentos de muitos leitores, nossos colaboradores estão formatando os depoimentos para vincular a todos. Somos voluntários, nosso tempo é curto. Aguardem e continuem nos seguindo, as matérias são para conscientizar informar a comunidade do que realmente acontece dia a dia no Japão.
Leiam, compartilhem e tome consciência de que tudo pode mudar se começarmos a valer os visto de trabalho e impostos que pagamos, ajudando o crescimento económico do país.
By Connexion.tokyo Team