Com a baixa produção interna de alimentos – o Japão não produz nem 40% dos alimentos que a população consome – e devido aos problemas de radiação na região agrícola de Tohoku causados pelo desastre nuclear de Fukushima, que está ainda fora de controle, podendo gerar problemas por mais de 30 anos, a importação de alimentos é umas das alternativas para suprir a demanda por alimentos. Porém, a alta e continua valorização do dólar ante ao iene nesses últimos 2 anos e meio tem feito as importações ficarem cada vez mais caras e os custos destas acabam sendo repassados aos consumidores.
Os salários no Japão estão estagnados desde o ano de 2002, sofrendo ainda uma baixa depois da crise internacional de 2008. Não precisamos ser profundos conhecedores de economia para saber que o país esta em uma recessão quase irreversível desde a década de 90.
A crise já chegou na casa de muitos japoneses, basta ver a estatísticas que mais de 60% das famílias japonesas estão com problemas financeiros. Com as famílias estrangeiras não esta diferente.
Hoje já vemos cada dia mais e mais o uso das reservas para equilibrar as contas, os japoneses idosos vendendo seus bens, famílias japonesas desistindo de financiamento de casa porque as prestações estão cada dia mais longe de serem cumpridas. A poupança começa a ser utilizada para conseguir manter o nivelamento de despesas e receitas.
Os estrangeiros não estão diferentes dos japoneses, mas levam uma certa vantagem: sempre conseguiram viver com menos – os estrangeiros, geralmente, não recebem bonificações ou ajudas que as empresas costumam oferecem a seus contratados diretos. A diferença de salários de japoneses e estrangeiro fica próximo de 60%, e em muitos casos até 100%.
Se avaliarmos os valores de salários mensais, a média entre japoneses e estrangeiros se equilibra, a diferença fica por conta do pagamento de bônus e ajudas de custos que as empresas fornecem a seus funcionários – Vejam aqui o gráfico dos salários dos japoneses durante 12 meses. Nesta média estão os salários de homens e mulheres diferenciados, porque, infelizmente, ainda existe este tratamento preconceituoso….clique aqui..
Menos de 3 anos atrás, 5 mil ienes ainda era um bom dinheiro para fazer compras, equivalia mais de 60 dólares. Hoje, este mesmo valor de 5.000 ienes equivale a 40 dólares. Temos uma perda direta do poder de compra de mais de 30% se comparado hoje 40 dólares com 60 dólares de pouco tempo atrás.
Percebemos que os alimentos estão muito caros, as empresas diminuindo a quantidade de peso nas embalagens e promovendo aumento de preços constantes desde o último início do ano. Para os estrangeiros que gostam de comer carne, basta dar uma passada nos supermercados e ver o quanto houve de perda de valor de compra. O controle de qualidade dos alimentos cada vez mais questionáveis. Muitas famílias compram alimentos para seus filhos e nem sabem da procedência, mesmo tendo notícias de que a radicação de Fukushima está fora de controle e países como os EUA não comprando produtos japoneses que se encontram em qualquer supermercado para o publico japonês. Ninguém questiona isto?
Para os residentes no Japão escutar que houve redução de conta de energia elétrica e gás parece uma notícia boa, pena que no Japão uma redução de menos de 20 centavos de dólares por mês surja um efeito de: “Nossa! Que legal que a economia esta melhorando”.
Que fique claro que não precisamos comparar nada com outro país, estamos falando do país que escolhemos para viver e temos que saber superar a crise sozinhos.
Falar direto neste assunto causa um desconforto a muitas pessoas. Algumas tentam não absorver, tentam esquecer dos problemas, outras como sempre são acometidos pela dissonância cognitiva quando ouvem o que não lhes agrada, para não destruir sua “Neverland” e sai atacando quem expõe a realidade dos fatos. Mas, felizmente, há pessoas com pé no chão, acompanhando tudo e se informando.
As ajudas do governo fazem parte do orçamento doméstico. Se houve um atraso no pagamento destas ajudas, muitas famílias ficam sem luz, água e gás. Basta ver que muitas contas estão sendo pagas no último momento de prazos.
Planos de recuperação econômico? Um grande desafio para o governo Abe. Os japoneses não estão consumindo, não estão gastando, não estão trocando de carro, não estão adquirindo novos bens, não estão comendo fora, não estão comprando nada supérfluo e isto tem estagnando a economia, que fica dependente das exportações, e para isto é necessário a desvalorização do iene.
O engraçado disto tudo, é que os lucros das grande empresas ficam protegidos pela desvalorização do ienes, elas vendem mais para o exterior e ganhando lucros, investem mais e mais fora do país. Onde podemos achar uma grande empresa construindo novas fábricas no Japão?
As facilidades de se viver num país de primeiro mundo, com a comodidade de ter pontos de vendas de alimentos e produtos diversos 24 horas por dia, começa a ser revista. Há discussões acerca do funcionamento desses pontos; cogita-se reduzir o horário de funcionamento das lojas que hoje funcionam 24 horas.
Se as empresas que operam 24 horas enxugarem seus gastos e fizerem uma reengenharia de gestão e programação, irá haver um corte de mais de 50% das vagas de emprego que se oferece no mercado.
Há ainda casos de empresas gigantes do ramo de eletrodomésticos reduzindo suas lojas para fazer contenção de despesas. Tudo isto porque não se tem previsão de melhora do quadro econômico, sobretudo do consumo interno. Veja você leitor e leitora amiga, veja você qual a previsão de troca de veículo, compra de um eletrodoméstico novo ou um móvel para casa… O mesmo acontece com japoneses na contenção de despesas.
Se não bastasse tudo isto, ainda temos o imposto sobre consumo com previsão de ser aumentado em 25%. Muitos irão perguntar: 25%? Não estaria sendo apenas 2%, hoje 8% passando para 10%?. Pois bem, quando se tem um aumento de 2% num montante de 8% equivale a 25%. O governo estará arrecadando 25% a mais, tudo isto em menos de 4 anos, pois o governo estaria dobrando sua arrecadação do imposto de consumo, passando de 5% para 10%.
Especialistas já falam que qualquer aumento mais do que isto até as olimpíadas de 2020 irá trazer um descontentamento ao povo japonês pelo gasto dos jogos. Outros especialista já dizem que até 2023 o imposto sobre consumo tem que estar em 17% para que as contas fechem.
Infelizmente trazer esta reflexão é uma obrigação. Como os antigos romanos diziam: Não podemos esperar ter sede para cavar um poço de água.
Hoje no Japão já vivemos para pagar as contas, os japoneses estão recorrendo mais e mais atrás do seguros sociais, que para muitas famílias já virou complementação de renda. Aumentando a procura por ajudas sociais alguém terá de pagar a conta, ou seja, os próprios trabalhadores. Com toda certeza não sairá do bolso dos políticos, tampouco dos empresários.
Portanto, todos precisam pensar em enxugar suas contas, economizar no que pode e ocupar o tempo ocioso com atividades a gerar alguma renda e dar atenção as crianças. Acompanhar a vida escolar dos filhos até a entrada na universidade ou curso técnico.
Questionem se existe necessidade em pagar contas de telefone celular acima de 2000 ienes por mês. Existem planos de internet e telefone com valores a partir de 1.800 ienes com 3 GB. Nao caiam no conto do cashback, estas promoções são pagas pelo consumidor e o valor do que se ganha não representa nem 35% do que está se pagando. Vejam os lucros das companhias de telefone, a cada dia nas alturas.
Para finalizar… Estejam atentos aos alimentos, hoje não existe milagre, quando um produto está muito barato verifique procedência (Fukushima e províncias que apresentam problemas com radiação nuclear), data de validade e ingredientes (provenientes da China são duvidosos sobre o alto uso de agrotóxicos). Lembrem-se dos problemas de carne de frango chinesa e, agora recentemente, do desleixo na fabricação de macarrões instantâneos na China. Então, cuidado! Previsão de aumento de salário ou alimentos caírem de preços? Esta esperança esta muito longe de ser alcançada.
Um grande abraço!
By Connexion.tokyo Team
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