Por que jovens brasileiros no Japão comentem crimes na idade escolar?

*Crime ocorrido em Toyohashi na estação de trem.

COMUNIDADE, COMUNIDADE!

Li há alguns anos o famoso livro do escritor Fernando Morais, ‘Corações Sujos’. Fizeram um filme baseado nesta obra, mas, para mim, foi apenas o resumo do resumo, deixando de lado relatos mais interessantes abordados no livro. Dentre os muitos detalhes acerca da colônia japonesa no Brasil relatados pelo autor, um dos que me chamou mais a atenção foi este:

“[…] De todo o rosário de proibições impostas aos disciplinados japoneses residentes no Brasil, esta foi a única que eles resolveram burlar. Se não podiam educar seus filhos às claras, iriam fazê-lo clandestinamente. […] Decididos a não entregar os pontos, a cada escola que era fechada os japoneses abriam outra clandestina. As aulas eram dadas à noite, nos fundos das casas, com livros e cadernos que no final eram escondidos pelo professor. Crianças de até sete anos de idade eram obrigadas a assistir aulas tarde da noite, quando todos já estavam dormindo e os riscos de ser descobertos eram menores.”

Ou seja, para quem acompanha as notícias da comunidade, sabe que a citação acima apresenta um enorme contraste em relação à realidade da comunidade brasileira no Japão!

Aqui, o que a gente observa é que, em relação à educação das crianças brasileiras, a comunidade nipo-brasileira no Japão se distancia muito da herança cultural deixada por seus ancestrais e se aproxima bastante do “complexo cultural brasileiro”, prevalecendo a mentalidade brasileira (do Brasil!).

A falta de espírito público e solidário na comunidade brasileira no Japão seria, então, um reflexo da cultura brasileira em contraste com a respeitada cultura nipo-brasileira no Brasil?

No Japão, os nipo-brasileiros estão caracterizados pelo espírito pouco solidário em questões que exigem um comprometimento efetivo, como a Educação. O oposto à característica dos japoneses no Brasil, que se juntavam para deliberar sobre os assuntos que lhes diziam respeito, sobretudo, a educação de seus filhos.

No Brasil, os japoneses priorizavam a educação das crianças, reunindo-se em associações, mesmo com a proibição do Estado brasileiro (nos tempos da guerra) e sem acesso às informações vindas do seu país de origem.
Nas colônias japonesas essa preocupação podia ser constatada por meio da organização de associações que tinham por objetivo, em primeiro lugar, suprir a educação dos filhos. Antes mesmo de sedes de associações, os japoneses procuravam construir escolas!

A colônia era para os japoneses um espaço sobre o qual todos tinham responsabilidades. Já para os brasileiros no Japão, “comunidade” tem, muitas vezes, eufemismo para favela ou área de moradias populares – a exemplo da forma como a comunidade se (des)organiza -, o que acaba tendo implicações na educação das crianças e adolescentes.

Embora haja a necessidade de apoio governamental e de leis que garantam a Educação de qualidade, essa comunidade não pode ficar inerte, considerando o Governo como uma espécie de grande pai protetor, que tem os recursos e vai olhar por ela, esperando tudo de ‘mão-beijada’. Não! Ela tem de se mobilizar e lutar pela garantia de mobilidade social das futuras gerações, caso contrário, ou melhor, se continuar do jeito que está, situações como a descrita na foto abaixo tendem a se tornar cada vez mais frequentes.

Ps. Como observado acima, na colônia japonesa, crianças e adolescentes ficavam estudando até tarde da noite. Já em Toyohashi, os “malandrinhos da estação” estavam na vadiagem, dando “rolezinho” após as 22:00 horas.

E os pais?

Pais?

By Espaço Comunidade

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