O que consegui juntar depois de anos no Japão.

“Hoje indo para o trabalho, pensando na minha escolha de estar no Japão em busca de uma vida melhor e vendo que somente empatei nos últimos anos comprando carro, tendo telefone ultimo modelo, vídeo game ultima geração e indo para as baladas no final de semana.

Moro mal, me alimento mal, maioria das vezes em kombinis ou fast-food de bandeijão e ainda postos as fotos como se fosse o manjar dos Deuses. Peço desculpas para meus amigos que até hoje viam minha TL como estas gororobas que comemos aqui.

Paguei de bacana para os amigos que não conhece o Japão. Pago caro de seguro para manter um bom carro para satisfazer meu ego e não me preocupo com minha saúde tomando energético para agüentar segurar o trampo.

Logo estarei gordo, velho e ainda cego querendo mostrar que fiz a melhor escolha da vida em estar aqui.

Avaliando que o futuro somente nós mesmo podemos construir e alterar a qualquer momento, estabeleci a meta de que este ano vou guardar pelo menos 150 mil por mês e vou estudar inglês por 1 ano nas Filipinas onde o custo é baixo.

Nas Filipinas com 1.000 dólares por mês se consegue alojamento bem simples com 3 refeições e 8 horas aulas por dia de segunda a sexta. Tudo isto se não tiver as empresas intermediárias que querem ganhar mais que a escola de inglês nas Filipinas. Pensei Austrália, muito bom, estive 1 vez por lá mas, o custo de vida altíssimo e pouco estudo pelo custo dos cursos.

Já estou acostumado a viver dentro de uma caixa de fósforo (meu apartamento velho de 6 tatames, com fogão de 1 boca, geladeira pequena, microondas ganhado e banheiro junto com o ofuro, aqui não vou falar do carro que tenho para não ficar com mais vergonha de avaliar que preferi carro a ter uma melhor qualidade de vida) . Viver num alojamento de estudantes não será problema porque realmente eu moro muito mal e até agora não queria aceitar isto.

Se ficar fluente em ingles posso concorrer com bolsas de estudos por muitos países que proporcionam mais chances das pessoas progredirem. Li um relato de um brasileiro no Canada e fiquei pensando o quanto estava cego com Japão.

O Japão quer meu imposto, meu seguro, minha força física e limitar minha mente como faz com os japoneses.

Meu, os caras não se revoltam mesmo estando a cada ano ganhando menos e trabalhando mais. A lavagem cerebral é grande demais aqui que faz as pessoas pensarem que viver em uma caixa de fósforo e ter caro e iPhone ultimo modelo, iPad, Games e comer gororoba é a melhor opção de vida do mundo, sem falar que ninguém quer enxergar isto.

Irei vender meu carro, comprar 1 Key e cancelar todos os serviços de internet via phone. Vou cortar o mal pela raiz que já ficou muito grande.

Ou este ano mudo minha vida e começo do zero somente com estudo da língua inglesa ou vou ficar aqui correndo que nem um maluco numa linha de produção e tendo ao meu redor pessoas que tem muito menos aspirações que as minhas e ouvindo sinais de sinos esperado cada kyukei para ver quantas curtidas recebi na nova foto ou qual o babado dos meus amigos sem falar nos vídeos toscos e depoimentos de debilóides que invadiram a internet nos últimos tempos.

Meus amigos japoneses fizeram faculdade para trabalhar num trampo sujo, numa fabrica velha, mofada que parece mais cenário de filme de terror do que local de trabalho.

Quem não conhece Japão acha que a linha de produção da Toyota, Nissan, Subaru ou outra grande companhia tem estrangeiros. Que nada meu irmão!! A maioria de nos trabalhamos em empresas com estruturas da época de guerra, barracões sujos, vemos somente a luz do sol no intervalo do almoço por menos 15 minutos kkkkk, nem presidiário vive assim kkkkk.

Desculpe por rir mas, ajuda a aliviar o estresse.

Sem falar naquele cidadão que mora há mais de 20 anos no Japão, nunca voltou ao Brasil e quer dar lição de moral em política as pessoas, parece piada.

E ver aqueles comediantes (comedia mesmo) se maravilhando com “as maravilhas do Japão” sem ao menos ter saído da sua própria toca.

Eu sinto que o meio e local que vivemos é que nos deixa reféns de não progredirmos. As pessoas que nos cercam são as que nos inspiram a ser melhor. Quem está a seu redor é uma pessoa para ser copiada?

Em qual pessoa você se espelha para ser melhor ou igual ? No seu “taotroucha” ou seu “kimityou” ou seu “kakarityou” ou o “comedia de YouTube” ou ainda aquele “pastor espertalhão” que quer grana dos fieis ou ainda os vendedores de “cursos de tudo que é tipo! Este parágrafo é para minha própria reflexão mas pegue carona nele e pergunte a você também.

Como não existe a competitividade em querer ter algo melhor como estudar, fazer uma faculdade ou curso técnico ou adquirir patrimônio ou mesmo pensar no futuro eu fui vivendo empurrando com a barriga e ainda pensando que estava na melhor posição do mundo.

Meu amigo de ginásio no Brasil (que estudou na PUC-Campinas) me perguntou qual era minha rede de relacionamentos e contatos que valiam a pena querer copiar.

Ao checar vi que além de meia dúzia de “taotroushas”, meia dúzia de amigos que pensam em carro e baladas como eu, sobrou os comediantes brasileiros do YouTube e FB e páginas de carros, passeios, curiosidades de Japão e outras coisas que não somam nada na minha vida.

Aceitar que estou num dos melhores países do mundo para se viver e um dos piores para se acostumar, e que minha rede de relacionando são de pessoas que como eu se conformaram em viver e trabalhar para sustentar conforto que não existe. Peões de fabrica com a cabeça dura e quebrada (aqui me enquadro) e os palhaços de internet que eu “achava” legal até hoje.

Trabalho como um camelo, me alimento como um cavalo e “pensava” como burro. A partir de hoje vai ser vida nova e descurtir as páginas de coisas bobas de Japão e mundo e principalmente os comediantes que não agregam nada a minha vida “maravilhosa de Japão” que muitos amigos longe achavam que eu tinha .

Irei aumentar minha rede de relacionando para atrair pessoas de projeção de futuro e não de pessoas que querem ficar num marasmo de vida, cantando de patrão sem nem ao menos conhecer o próprio país e o mundo. Chega de ficar num no buraco que eu próprio cavei.

Era ignorante no Brasil e fiquei mais ignorante no Japão cercado de uma segurança que me tranqüilizava até hoje, cercado de pessoas que tem em mente trabalhar no mesmo emprego e serviço para o resto da vida como meus amigos japoneses de fabrica ou amigos compatriotas que acham que a fabrica vai quebrar se eles largarem os empregos (mas uma vez me encaixo aqui) e aqueles outros que acham que a referencia de mundo é o chiqueiro que vivem sem conhecer o chiqueiro do vizinho.

Esta imagem de uma arvore em plena cidade de Toyoake – Aichi-ken me fez pensar muito na vida e começo a mudar meu futuro agora.

Gostaria de compartilhar com as pessoas este meu pequeno momento de reflexão e que possa inspirar alguém a enxergar que a vida precisa de contatos que nos despertem interesses se sermos melhores não apenas nos acomodar com a situação de ter um carro, game ou ultimo telefone celular.

Que Deus nos abençoe e não me deixe fraquejar nesta escolha.

Abraço. ” SIC – H.N -36 anos – Toyoake – Aichi – Japão

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