Carta aberta ao Deputado Federal Sr. Luiz Nishimori em visita ao Japão.

Ao Excelentíssimo Deputado Sr. Luiz Nishimori,

Partindo do pressuposto do vosso cargo de servidor público, eleito democraticamente, recebendo de parcela do eleitorado brasileiro uma procuração para que vossa senhoria labore pelos interesses da república e de vossos concidadãos, acreditamos que esteja no Japão com vossa digníssima comitiva de 26 pessoas pesquisando e tentando levar os problemas reais da comunidade aos ouvidos dos demais representantes do povo no Congresso Nacional e apresentar propostas efetivas nas comissões internas da câmara, visto que, nossos servidores da embaixada e consulados não têm dado conta de levar as demandas da comunidade ao governo brasileiro, tampouco reivindicar alguma coisa perante as autoridades locais.

Sendo assim, acreditamos que vossa excelência não veio até aqui, com vossa numerosa comitiva, pensando somente em coquetéis e apresentações de pessoas que ganham dinheiro com a ignorância dos brasileiros mantidos pela controle da mídia local baseados com interesses das empresas que exploram os brasileiros aqui. Os nossos representantes, servidores diplomatas, não estão empenhados em mudar isto, tampouco a mídia brasileira, nem as pessoas que se julgam formadores de opinião: jornalistas, apresentadores e pessoas do meio empresarial.

Ouvir a comunidade é ir no chão de fábrica, desfocar de NPO’s e associações que ganham a vida neste nicho de desinformação. A preocupação levantada foi com educação, mas se os pais pudessem ter os direitos trabalhistas devidamente respeitados, eles poderiam ser mais participativos na vida escolar dos filhos.

Analisando a situação dos brasileiros no Japão nesses 25 anos de movimento migratório, percebe-se claramente que o Estado brasileiro ainda não se preocupou, efetivamente, em formular medidas e políticas públicas que contemple essa parcela da população brasileira fora do Brasil. O Estado brasileiro, em decorrência dos movimentos migratórios na América Latina, manifestou preocupação em forma de políticas públicas para recepcionar os povos vizinhos. Espera-se essa mesma atitude, a de promover políticas públicas, em relação aos brasileiros no exterior.

As autoridades brasileiras, sejam elas do poder executivo ou legislativo, não podem desconsiderar os apelos dessa comunidade, em primeiríssimo lugar por ser ela uma comunidade formada por brasileiros – tão somente isto já bastaria para que ela fosse olhada com mais atenção; e em segundo lugar, porque durante muitos anos as remessas feitas daqui para o Brasil foram volumosas, e segundo dados do próprio Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Banco Central do Brasil, foram as maiores dentre as comunidades brasileiras no exterior, mesmo a comunidade no Japão sendo a terceira em quantidade de brasileiros fora do Brasil. A receita para o Brasil, gerada pela referida – e desprezada – comunidade foi maior do que a de muitas cidades brasileiras, talvez até maior do que a de muitos estados da União.

É constrangedor para nós brasileiros sabermos que, apesar de possuirmos embaixada em Tóquio, três unidades consulares nas principais cidades do Japão e um bom número de acadêmicos pesquisadores bancados pelo governo brasileiro, foi preciso que o Departamento de Estado dos EUA apurasse e apontasse em relatório divulgado recentemente que “o Japão é destino, origem e trânsito para homens e mulheres que são submetidos a trabalho forçado e tráfico sexual”, e que “trabalhadores imigrantes são submetidos a condições de trabalho forçado, por vezes, através do Programa de Estágio Técnico”. Segundo o mesmo relatório, “o governo do Japão não está, através de ações ou políticas, colocando um fim no uso do trabalho forçado dentro do programa.” Se o governo local não está colocando fim na exploração e nem cobrando o cumprimento de leis trabalhistas que beneficiem trabalhadores brasileiros é porque não sofre pressão por parte das representações diplomáticas destes respectivos trabalhadores.

E mais, o Conselho dos Representantes Brasileiros no Exterior foi somente uma vitrine de exibição e sem efeito visto, que não surtiu efeito e ficou somente com representantes que não representam de fato a comunidade.

Garantir a atenção para com esta comunidade e levar com mais seriedade as demandas, assim como reivindicar mais respeito aos Direitos para brasileiros junto ao governo local e aos empregadores japoneses seria o primeiro passo para o cumprimento de um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, disposto no artigo 3º da Constituição Federal, inciso IV, a saber: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, e isto inclui, também, promover o bem daqueles que se encontram fora do território nacional brasileiro.

Destarte, aguardamos uma visão mais criteriosa em relação aos reais problemas da comunidade e um parecer conciso sobre o pedido em epígrafe e aproveitamos o ensejo para convidar V.Ex.a. para conhecer nosso humilde site direcionado a comunidade brasileira e latina no Japão.

Jose Hiroshi Brasileiro.

PS. aos nossos leitores compartilhem o máximo que puderem para fazer chegar aos interessados nossos reais problemas e não ficar apenas como mais uma visita turística bancada com dinheiro público, e resumindo os problemas da comunidade a Educação apenas – que é um grande problema -, mas não o foco principal da exploração neste tempo todo do movimento migratório Brasil-Japão.

By Connexion.tokyo Team