Colocar num papel sentimentos, mágoas e tristezas, não é nada fácil.
Durante sete anos e três meses, frequentei uma suposta igreja, localizada em Gifu-Ken, Japão. No ano de 2006, quando comecei a frequentar essa “igreja”, tudo parecia normal, uma igreja acolhedora e unida, os membros e dirigentes se mostravam amigos e parceiros, oferecendo ajudas em orações. Foi assim durante alguns anos, porém, algo me incomodava muito, os membros, por traz dos bastidores, demonstravam muito medo da direção da igreja, do pastor e da missionária, que até os dias de hoje atua na direção da tal igreja.
Com o passar dos anos, percebi que estava alienada aquele lugar, comecei a ver que quando algum membro queria sair da igreja ou até mesmo visitar familiares no Brasil, a direção se levantava contra e falava que “Deus” mostrava em visões e sonhos para não ir e se a pessoa saísse ou desobedecesse “Deus iria matar a pessoa ou alguém de sua família”. As ameaças eram constantes, praticamente em todos os cultos.
Os cultos eram realizados com uma carga horária extremamente puxada (segunda feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo), era obrigatória a presença de todos, pois faziam uma lista de presença, quando alguém faltava, no dia seguinte já ligavam perguntando o porquê de não ter ido ao culto; era uma cobrança terrível, se faltasse por motivos de doenças, eles falavam que era “castigo de Deus”, e era pra ir aos cultos mesmo se estivesse morto.
Foram vários motivos que me fizeram abrir os olhos, perceber, acordar e ver que aquele lugar que pensava ser uma igreja, um lugar santo onde depositei minha Fé, meus sentimentos, não era nada do que me fizeram acreditar. No ano de 2011, no mês de março, logo após o terremoto seguido de tsunami no Japão, a “missionária” tomou a direção total da “igreja”; ela comandava todos os cultos, todos eram obrigados a vê-la como “santa e boca de Deus na terra”, e ai daquele que não obedecesse suas ordens.
Os membros não podiam fazer viagens e os gastos eram controlados por eles, alguns tinham suas cadernetas e cartões de bancos retidos por ela, se precisasse comprar um celular, uma roupa, ou qualquer outra coisa, tinha que pedir direção a eles e a ordem vinha direto da “missionária”. Se as direções não fossem obedecidas a risca, a pessoa sofria por vários dias humilhações perante toda a igreja e sofria penalidades também.
No mês de março de 2011, a missionária ordenou que fechasse as portas da igreja (pra mim, uma seita) e decretou: “Ninguém entra mais”. Uma cobrança mais rigorosa começou, várias pessoas saíram, outras foram colocadas em “disciplina”, outras sofriam humilhações e até agressões físicas. Vi muita coisa errada, chorava escondida em casa, porque se percebessem que eu estava sendo contra tudo aquilo, se levantariam contra mim e minha família, foram muitos anos de tristezas. Eles ameaçam, coloca você contra sua família, esposa contra marido, marido contra esposa, pais contra filhos… Terrível…..
Várias crianças sofreram e ainda sofrem com castigos terríveis, ordenados por essa “missionária”; ela manda algumas crianças para uma propriedade da seita, lá é um grande terreno, onde alguns membros residem; essas crianças são obrigadas a fazer serviços domésticos, carregar pedras, capinar matos; geralmente esses castigos vêm acompanhados de várias regras, como: alimentação regrada (comer somente arroz branco durante meses, e três copos de água por dia), com horário para chegar e sem hora pra sair.
Quando essas crianças saiam desse lugar, saiam magros, deprimidos, alguns com hematomas, e um terrível medo. Os pais dessas crianças eram constantemente fiscalizados, e não podiam sequer perguntar o que estava acontecendo com seus filhos, algumas mães eram obrigadas a fazer constantes orações para matar o sentimento de mãe pelo filho.
Em um dos cultos, me lembro que essa missionária perguntou a igreja assim: “Igreja, quantos dentes um adulto tem na boca?”, a igreja respondeu: “32 dentes”. Ela, com uma gargalhada sinistra falou: “Então eu deixei a marca dos meus 32 dentes no braço do …” (uma criança de 3 anos de idade na época). Com gargalhadas ela contava isso a toda igreja, essa foi a forma que ela encontrou de ensinar essa criança a não morder os coleguinhas mais. Não somente essa criança que ela mordeu não, um outro menino de 4 anos e uma menina de 2 anos também. O que mais doía era que os pais não podiam fazer nada, porque ela sempre falava que estariam se levantando contra Deus, caso os pais falassem ou fizessem alguma coisa.
Várias crianças e adolescentes passaram e ainda passa por essa propriedade da seita. Teve um adolescente que ficou lá de castigo durante 10 meses; durante o inverno ele tinha que dormir junto com os cachorros do pastor. Nos primeiros meses de disciplina adolescente passava muita fome, pois comia somente uma vez por dia e somente arroz branco. O pastor percebeu que a ração dos seus cachorros estava acabando muito rápido, mandou vigiar o adolescente e pegaram ele comendo ração canina pra não morrer de fome. Como sei de tudo isso? A própria missionária falava tudo isso durante os cultos e ainda ameaçava as outras crianças que aquele que desobedecesse os dirigentes da igreja iria para a tal propriedade da seita.
Essas crianças quando ficavam nesse lugar, eram obrigadas a faltar na escola e obrigadas a mentir, falando que estavam passeando na casa da vovó. Ouvi da própria boca do adolescente que comeu ração de cachorro que a “missionária” obrigou ele a dizer para a polícia que ele foi para o tal terreno porque ele quis e que amava ficar na casa da “vovó” – ele mandou ele a chamar assim.
Durante esses tratamentos, algumas crianças eram proibidas de dormir em casa, dormiam com os cachorros e muitas vezes passavam semanas sem ver os pais. Um garoto, na época com 7 anos, passou por isso, ficou várias semanas, sem voltar pra casa, dormindo com cachorros ou em um depósito de madeira e maquinário. Esse menino sofreu várias agressões, chutes, beliscões, humilhações, tapas na cara, empurrões etc.. Teve uma vez que ele ficou com várias marcas pelo corpo.
Um outro menino ficou lá uns 3 meses, depois voltou pra casa muito magro e sentimentalmente abalado. Ficou um ano sem comer doce ou qualquer outra sobremesa, de castigo, e uns 8 meses comendo somente arroz e feijão sem qualquer tipo de mistura, ele podia dormir em casa, mas na lavanderia, sem cobertor e nem travesseiro, ordens da “missionária”, sua mãe sofria muito, mas não podia fazer nada por que era constantemente humilhada perante a igreja e obrigada a “matar seu sentimento de mãe”, e falava pra ela que se ela não obedecesse, “Deus iria matar seu filho”; por medo e pressão ela obedecia em tudo, mesmo sofrendo.
Os dirigentes faziam e fazem constantes viagens nacionais e internacionais, no mínimo duas vezes no ano. Alegam a igreja que eles merecem viajar porque a igreja “deixa eles muito estressados e que Deus que manda eles viajarem e até mostra os lugares”. Mas essas viagens são feitas tudo as escondidas, não falam para onde vão e nem quando voltam, só davam explicações quando retornam e sempre com a desculpa acima.
Pra mim, a gota d’água foi quando teve um retiro no mês de junho de 2013, os dirigentes estavam em uma de suas viagens e a direção estava nas mãos da nora deles e nas mãos de um membro da igreja. Essa nora dos dirigentes recebeu ordens da tal “missionária” para fazer um retiro e “consertar a igreja”; durante aquela semana, teve de tudo naquele lugar: baldes de água eram jogados nas pessoas se sentissem sono, a nora dos dirigentes colocou a cabeça de uma moça dentro de um vaso sanitário e deu descarga várias vezes e ainda gritava pra igreja ouvir ela lá de dentro do banheiro dizendo: “isso é pra limpar os pecados dessa imunda”.
Num outro dia, ela, com a ajuda de alguns membros, encheu a boca de um rapaz com pimenta tabaco e colocou fita adesiva em sua boca e ordenou que ele não engolisse, ele ficou uns 20 minutos com a boca cheia de pimenta, e o membro que estava auxiliando perguntava: “tem alguém com dó? Porque se tiver, ainda tem mais pimenta e fita aqui”. Todos ficavam aterrorizados e calados com medo. Éramos obrigados a concordar com tudo para não sofrer as mesmas coisas.
Essa nora do pastor pegou uma jovem de 22 anos e cortou seu cabelo inteiro com uma tesoura sega e esparramou os cabelos da menina pelo salão da igreja pra humilhar e mandou que ela mesma limpasse depois. Motivo dela ter feito isso? A menina mexeu no cabelo durante o culto!
Coisas terríveis: baldes de água na cabeça, celulares quebrados, humilhações, agressões físicas e verbais, sem contar que sua vida é fiscalizada 24 horas por dia; eles oprimem as pessoas, ameaçam, manipulam e humilham. Obrigam você a viver pra eles, a comprar casa e marmita por meio deles, e carros com indicação deles, tudo tem que passar por eles antes. Ai daqueles que não obedecem.
Em um culto, por motivos banais a “missionária” ordenou a um jovem que fosse para fora do salão da igreja e que ficasse próximo a uma dispensa, que fica atrás do prédio da igreja (local onde ela deixa crianças em disciplina, mesmo no inverno); logo após o rapaz ir para lá, a missionária foi ate lá e agrediu fisicamente esse jovem, e depois de alguns dias, falou a igreja que Deus tinha ficado muito irado e que ela tinha “sentido a dor de Deus e que por isso bateu nele”. Ela só falou isso (essa desculpa) para a igreja por que o jovem havia, dias depois, denunciado ela na polícia por agressão e a polícia começou a investigar o local e a vida de alguns líderes; e para convencer os membros, ela falou isso, que havia “sentido a dor de Deus”. Essa missionária é uma pessoa fria, sem amor, sem compaixão…
Enviado por uma leitora
Este email foi enviado por uma senhora que já está prestes a retornar ao Brasil. A história serve para uma reflexão sobre escolher caminhos que levem a evolução, e não a retração e dependência psicológica.
A depressão é um dos grandes problemas de muitos estrangeiros no Japão, independente de nacionalidade. Família distante, excesso de carga horária, falta de convívio social, a vida se resumindo de casa ao trabalho, trabalho para casa.
A carência afetiva familiar, carência física de amigos reais fora da internet, oportunidades de conhecer pessoas, necessidade de ter uma vida social compartilhada com pessoas, ajudam a levar as pessoas a se reunir em grupos e os grupos cristãos, evangélicos, espíritas ou de qualquer outra religião reúne pessoas. O grande problema são falsos pregadores que usam do mal para enganar as pessoas.
Alerta para todos os leitores para ficarem atentos a qualquer tipo de ação ilegal e denunciar à polícia, consulado, no FB; não podemos deixar pessoas de má-fé se aproveitarem de outras motivadas de fé e boa vontade.
Existem muitas religiões boas com pessoas, procure um local que respeite a pessoa como um ser humano.
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