Relato de vida 12 anos de Japão, experiências e retorno ao Brasil !

O relato a seguir é de autoria do leitor Hélio Katsube, que está no Brasil, e que nos pediu para compartilhar sua história, tanto da trajetória no Japão, como o processo de retorno ao Brasil. Vale a pena ler!

“Gostaria de compartilhar a minha história ao longo período de jornada no Japão. A minha história assemelha a de vocês que estão ai no Japão e aqueles retornaram ao Brasil e pretendem voltar ao Nihom.

Digo que venci essa batalha de realizar o sonho. Passei por momentos muito difícil e tive depressão profunda e cheguei ao ponto de tirar a minha própria vida. Decidi ir ao Japão quando nos casamos Fiquei quase 12 anos isso foi em 1992, e a minha esposa ficou uns 6 anos e tivemos o nosso primeiro filho naquele país, meu filho quando tinha 3 anos e grávida de 6 meses. A minha esposa decidiu voltar para o Brasil para criar em nossa terra natal. Achamos muito importante o nosso filho conhecer os parentes e crescer e estudar. Para mim foi muito difícil ficar longe da família e principalmente de nosso primeiro filho.

Tomamos essa decisão sem ao menos saber como seria o futuro para o nosso filho e principalmente para a família. Muitos desses relatos dos brasileiros envolve os filhos e preocupam com os futuros deles.

Não quero dizer que não devemos dar o melhor para os nossos filhos, mas após alguns anos de Japão, comecei entender como funciona o sistema da sociedade daquele país.

Digo que, mesmo juntos com o meu filho e esposa eu não conseguia sentir a tranqüilidade de um futuro melhor. Isso depois de alguns anos, antes de a minha esposa e filho decidirem voltarem ao Brasil. A impressão que tive foi de insegurança em país de primeiro mundo, como era possível sentir tão sozinho? Voltei para o algumas vezes Brasil e iniciei um negócio próprio e depois tive que fechar o negócio e lá estava eu voltando para o Nihom.

Fiquei sozinho por período de 5 anos já tínhamos comprado uma casa e isso já me deixou mais tranqüilo de continuar a minha batalha naquele país.

Aquela sensação de insegurança gradativamente estava desaparecendo estava mais aliviado, pois agora e só juntar mais um pouco de okanê e voltar de vez para o Brasil.

Vou ser o mais breve possível e lendo alguns relatos de várias pessoas, vejo a insegurança de muitos como será daqui em diante o meu futuro e se continuar no Japão?

Sempre colocamos os nossos filhos em primeiro lugar e deixamos nós pais que também precisamos viver e ter uma velhice mais tranqüila. Não adianta ficar trabalhando a vida toda no Japão e esquecemos que um dia vocês terão que parar de trabalhar. O sistema japonês vai continuar espremendo a última gota de suas forças, até chegar a uma idade que deixarão de trabalhar devido a idade! Com certeza você será substiuído e outro vai dar continuidade. Se vocês tiverem pagando algum plano de aposentadoria no
Japão isso é ótimo! Terão que contribuir por 40 anos poderão viver por resto da vida aí no Japão. E não tiver? Vocês tem plano de aposentadoria no Brasil? Pense bem! Tem que contribuir a partir dos 16 anos para receber aos 56 anos!

Há um relato de uma família ai no Japão, que esta passando por essa situação e acredito que muitos estão passando por essa mesma situação. O sistema japonês dessa sociedade não perdoa nem os próprios japoneses e quanto mais os estrangeiros.

Trabalhamos para sobreviver nessa sociedade consumista e não há um futuro próximo para esses jovens, muitas empresas seguem uma hierarquia medieval, devemos respeitar os mais velhos, pois eles tem mais conhecimentos e vivência. Mas na verdade estão totalmente fora do mundo moderno. que não dão chance de carreira. Conheço colegas que estudaram muito e hoje trabalham em linha de montagem e em outras áreas.

Em 2006 saiu uma estatística alarmante o índice de suicídio entre os japoneses, eram em torno de 37 mil vidas foram tiradas em um ano. Lembro quando eu estava morando na

Província de Shimane e o governo começou uma campanha para poder ajudar essas pessoas a não cometerem esses tais atos.

Começamos a entender a real situação desse país, na qual os problemas mostram a gravidade que o povo japonês se encontra. Determinado para trabalhar sem perspectiva de carreira talvez um sonho que jamais se realizara. Apenas trabalhar para viver! E os filhos dos brasileiros também estão nesse círculo vicioso. Então srs. Pais, pensem bem antes de de assumir esse compromisso, pois eles serão novos japoneses fazendo parte dessa sociedade!

Uma sociedade presa em seu próprio sistema, governados por pessoas com idéias medievais destruindo o seu próprio reinado e ignorando vidas ceifadas. Um país que vem envelhecendo a cada século, onde daqui há 200 anos poderá não mais existir nenhum descendente. A verdade disto que um repórter fez uma pesquisa em uma empresa que fabrica fraldas e perguntou ao funcionário qual tipo de fralda que esta vendendo nesse momento? Com muita alegria o gerente disse que eram as fraldas geriátricas “ idosos” , disse com muito entusiasmo!

O curso menos procurado pelos alunos de medicina é obstetrícia controle de natalidade caiu muito, segundo as pesquisas.

Comece a entender com é o sistema dessa sociedade e talvez vocês possam mudar de idéia e fazer novos planos para o futuro de seus filhos e principalmente Srs pais, que também merecem ser felizes. Pensem bem nisso tudo é questão de tempo e quando menos esperamos já se passaram muitos anos e continuamos no mesmo percurso do trabalho para casa, casa para o trabalho, sem se dar conta anos se passaram!

O conselho é economizem! Sei que criar filhos não é fácil. Se o objetivo é fazer o pé de meia e voltar para o Brasil, siga esses conselhos: evitem gastar com coisas sem necessidades. As os filhos pedem algo e acabamos cedendo, isso acontecia toda vez que íamos ao depato, ele sempre trazia um boneco de super-heroi, no final do ano ele já tinha uns 30 bonecos. Evite comer fora dos horários é comum quando saímos para passear, evite tomar refrigerantes, pois é comum encontrar essas máquinas em todas as esquinas. Valorize cada iti yenes, só vocês sabe quanto foi sacrificante ganhar esse dinheiro. Sabemos que as roupas infantis são muito caras e é por pouco tempos serão usadas, eu comprava usadas 80% mais baratas. Viver no luxo é bobagem, vejo os próprios japonês comprando, então pense bem!

Li relatos de mãe que vive com contas apertadas, ela trabalhando de teiji e o esposo fazendo 15 horas de sigoto e mesmo assim as contas não fecham. Sei bem que o consumo vai aumentar quando se tem filhos, mas sempre há uma solução. Comece a cortar gastos desnecessários, coloque em uma balança e veja qual o lado que vai ceder mais. Foi assim que fizemos quando a situação começou a apertar!

Hoje tenho uma pastelaria e trabalho aproximadamente 5 horas por noite, as minhas contas então em dia, não fiquei rico, mas hoje voltei ao ritímo normal sem estresse, junto da minha família e parentes, meu filho hoje esta com 16 anos e minha filha com 12 anos. Ambos estudam em escola pública perto de casa e sempre ajudam na pastelaria, hoje é uma empresa familiar. Não é um empreedimento grande, mas esta dando para tirar todos os sustentos. Também estamos pagando o plano de aposentadoria e em breve estaremos aposentados, isso trará mais segurança e conforto.

Também comecei a oferecer curso de pasteleiro, para aqueles que querem se tornar profissional, tudo isso na minha própria pastelaria. Venho formando e capacitando vários alunos nessa profissão!

Essa foi umas das alternativas para melhorar a nossa renda, graça ao nosso bom Deus, estão vindo alunos de vários estados e de outros países onde moram brasileiros. Tudo começou quando eu conheci um casal de missionários no Japão, eles eram ex-pasteleiro e trabalharam 15 anos nas feiras livres de São Paulo. Fiz amizade e depois de um certo tempo fiquei sabendo que eles eram ex-pasteleiro. Na época disse que gostaria de aprender essa profissão e com tempo eles ajudaram . Voltei para o Brasil na crise 2008. Trabalhei um tempo na pastelaria de cunhando na cidade de Guarulhos-SP, aprendi tudo sobre pastel e voltei para a minha cidade. E logo comecei o empreendimento.

Trabalhei por um tempo nas feiras livres da minha cidade e logo comecei a construir em uma parte da minha casa e já estamos fazendo 6 anos. Mesmo com essa crise que estamos passando, estamos conseguindo manter firme nos negócios. Dizem que crianças adoram pastel, isso é verdade!

Acredito que as situações são diversas para todas as famílias que vivem hoje no nesse arquipélogo, é filhos, futuro da família, velhice e sem um objetivo para o futuro próximo.

Passei por todas essas situações e sei que não é tão fácil assim a cada problema.
Hoje tudo que tenho foi graças a atitude que tomamos de guardar e economizar e estabelecer uma meta para um determina período, foi fator importante para o nosso sucesso!

Foi uma experiência incrível, tantas lutas mas mantivemos firmes e com a ajuda do nosso Grande Deus.

Apóstolo Paulo diz no sue livro, “ TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE “. Lembre-se que quando ele escreveu esse trecho ,estava na prisão em Roma.

Então queridos irmãos brasileiros, não desanimem, tomem uma atitude e entregue nas mãos de Deus”

Obs. Caso o administrador desse site permitir, quero deixar o meu e-mail, quero muito ajudar e dar um rumo na vida de cada um dos nossos irmãos que precisam tanto de ajuda.

Quero compartilhar as minhas experiências no período que morei nesse país.
Meu nome é Hélio Katsube, tenho 54 anos e fiquem com Deus!
iprbamarolanari@gmail.com” (SIC)

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