Média Salarial dos Japoneses. Você, estrangeiro, recebe quanto?

Os dados abaixo são fornecidos pelo governo japonês levando em consideração a média salarial de todo país.
Isto significa que tem pessoas ganhando mais outras menos, mas a média simples, ponderada, nos dá a noção de como são os salários no Japão.

Para quem não sabe, no Japão as empresas pagam aos funcionários pela idade e não pela sua função desempenhada, nem por sua responsabilidade na equipe. No Japão, a meritocracia não existe, por isto os jovens estão cada dia mais sem sonhos ou esperanças por um futuro melhor. Sabem que irão trabalhar 20 anos de sua vida ganhando um mísero salário e desempenhando as mesmas funções que os colegas veteranos de trabalho.

Os chefes, muitas vezes, não ganham mais do que 100 dólares a mais para ostentar o status de chefe. Com esta informação, fica fácil ver algumas empresas contratando empregados e oferecendo como vantagem o status de dizer: “empregado de escritório” ou “empregado do setor administrativo”; melhor do que colocar “chão de fábrica”, devem pensar, como se “chão de fábrica” fosse um subemprego.

As profissões no Japão, quase não têm diferenças salariais, e conforme já apresentado em outro texto , clique aqui,
vemos que os salários dos japoneses não tiveram aumento nos últimos 13 anos, ou apenas em 2009 aumento de 1,3%, contudo para empregados por contratos temporários as empreiteiras depois da crise de 2008 os salários tiveram redução e não aumento. Vejam o gráfico abaixo:

mzg
http://www.mizuho-ri.co.jp/publication/research/pdf/today/rt140303.pdf

Sempre a mídia estrangeira no Japão, as grandes páginas trazem notícias de que a economia japonesa está crescendo, que as grandes companhias estão lucrando ano a ano, entretanto, não trazem notícias de que um japonês e um estrangeiro ganham salários totalmente diferentes mesmo desempenhando as mesmas funções. Elas esquecem de que os trabalhadores já estão entendendo que seus patrocinadores, as empreiteiras e empresários que exploram este nicho da comunidade estrangeira, querem mostrar somente coisas boas e direcionar as pessoas aos seus interesses.

Muitos ainda dizem que os estrangeiros ganham mais do que os japoneses, porém, esquecem que os japoneses não falam sobre quanto ganham de bônus. Muitos outros estrangeiros por serem contratados diretos das empresas, nem sabem o tipo de contratação que estão registrados; muitas vezes ficam achando que tem um contrato direito, mas na realidade não passam de um trabalhadores contratados como part-time, sem direito a bônus e outros benefícios.

O que faz as pessoas não saberem sua própria condição empregatícia? A falta de domínio do idioma escrito e falado. Ser um analfabeto na escrita é o que mais prejudica os estrangeiros, porque ainda o governo japonês possui políticas diferentes para os trabalhadores, defende muito os efetivos e abandona os terceirizados. Muitos estrangeiros somente dominam a fala, não entendem de leis e direitos, e não conseguem nem ler um aviso de segurança ou uma informação mais importante.

Ao escolher qualquer país para viver, é preciso ter o compromisso de saber a língua local como condição básica de sobrevivência para defender a família, principalmente no Japão, que é um país de primeiro mundo, mas com leis específicas para estrangeiros legalizados que mesmo tendo visto e sendo regulares têm de ficar reféns como se fossem estrangeiros ilegais e sem visto nas questões trabalhistas.

Este gráfico dos salários é para mostrar que hoje muitos estrangeiros nem mesmo fazendo 80 a 100 horas extras conseguem ter o mesmo salário de um japonês. Observando este gráfico, vemos que os japoneses sobrevivem com seus salários, pagam suas contas e mantêm a sua casa com seu salario mensal e fazem seus planos de futuro com o valor de seus bônus.

Triste realidade: o estrangeiro sobrevive com seu salário, e hoje vivendo com a família não consegue fazer nada mais do que se manter na linha da pobreza, ficando refém de trabalhar pelo menos 14 horas por dias para ter um salário próximo do que o japonês recebe trabalhando 8 horas por dia apenas.

Enquanto os japoneses contratados diretos têm benefícios ilimitados e são mensalistas (recebem por mês, a exemplo, meses com feriados de 10 dias: Ano Novo, Golden Week e Feriado de Agosto Obonyasumi), os salários não diminuem. Já os trabalhadores horistas, como todos os estrangeiros, só ganham os dias trabalhados, e nos feriados seus salários são reduzidos à metade. À metade? Sim, pois enquanto não trabalham não ganham, e ainda tem de gastar aproveitando o dia de folga com a família.

Veja o gráfico, compare-o com o seu comprovante de salário do ano todo – Gensen (源泉徴収) que é o resumo dos valores dos salarios do ano recebido e impostos retidos. Verifique se você está na mesma faixa dos japoneses, exemplo se você tem de 35 a 39 anos voce está ganhando média anual de 4.990.000 ienes? Pois de acordo com o governo esta é a faixa de ganho de um trabalhador japonês com esta idade. A primeira coluna é salário de homens (男性) e a segunda salário de mulheres (女性).

kyuryo

http://nensyu-labo.com/heikin_nenrei.htm

Uma pergunta para nossos representantes do governo brasileiro da Embaixada e Consulados:
O problema dos estrangeiros se resume a educação das crianças ou aos Direitos Trabalhistas que não são respeitados pelas empresas enquanto o governo japonês não faz nada para mudar isto?

Em vez de nossos representantes ficarem sendo garotos propagandas de meia-dúzia de empresários, aparecendo em fotos em redes sociais como mascotes de marketing pessoal e de business para esta meia-dúzia de empresários, em vez de ficarem aparecendo em jantares, coquetéis e eventos promocionais, deveriam estar mais empenhados em mostrar resultados de seus relatórios e preocupação com a comunidade em relação a parte trabalhista, exigindo, pressionando e cobrando do governo japonês braço forte nesta causa.

Se os pais recebessem o correto pelo seu trabalho, poderiam dedicar mais tempo para suas famílias; as mães não precisariam ter de fazer longas horas de trabalho, e assim, poderiam participar mais da vida das crianças. Levantar a bandeira da educação é muito fácil porque é um tema neutro, que não precisa exigir tanto compromisso do governo japonês, pois é um tema universal, faz parte da retórica continua. É muito fácil falar sobre educação e colocar a culpa nos trabalhadores que têm de ficar mais de 14 horas no trabalho para conseguirem fechar suas despesas domésticas e pagamentos de impostos, e sem esbanjar.

Só nos resta a vergonha de ter de esperar, como sempre, os EUA fazer algum relatório e mostrar ao mundo que a educação dos filhos de estrangeiros no Japão está sendo prejudicada porque o governo japonês não promove a mesma chance para estrangeiros terem acesso aos direitos trabalhistas, mesmo estes tendo o visto e estando sujeitos aos mesmo deveres e obrigações. Como? Se tiverem os mesmos direitos lhe sobram tempo para serem mais participativos na vida dos filhos.

Por último, para os que irão dizer: “estudem e aprendam o idioma que as coisas mudam!”, vamos dizer que para conceder o visto não lhes são exigidos nada em relação a saber japonês, assim o governo tem a obrigação de manter qualquer estrutura para assistência aos estrangeiros legalizados. Isto é obrigação do governo, e não favor.

Estudar o idioma do país em que se vive é obrigação, mas não exigência para ter os mesmos direitos, visto que não lhes são exigido quando o governo libera o visto.

Sobre a nova lei aprovada na Câmara baixa no Japão que obriga as empresas contratarem empregados diretos com mais de 3 anos, não se preocupem com o terrorismo da impressa neste sentido, a impressa local e mídia estrangeira são movidas com os patrocínios de empresas que exploram os empregados estrangeiros, as empreiteiras. Restam a elas vincular matérias visando o terrorismo e medo a todos.

Já sabemos que falta mão de obra no Japão, os lucros das empresas são grandes, os trabalhadores da América do Sul, Brasil, Peru, Bolívia, Venezuela, Chile, Colômbia e outros são os preferidos das empresas. Assim este terrorismo de perder emprego para um país que apresenta tanta oferta de emprego é uma notícia sem credibilidade, apenas com a intenção de amedrontar.

Se falta mão de obra, porque as empresas irão demitir empregados que já estão treinados e aptos a fazerem o serviço? Tocar neste assunto é um paliativo para que todos queiram ficar como estão sem contratos ou contratos de 60 dias no máximo.

Hoje para o empregado, pior do que está somente se as empresas não pagarem o dia de trabalho, porque até hoje não respeitam os pouquíssimos direitos que a maioria possui. O que seria o pior do que não ter direito respeitado e ganhar somente o dia de trabalho? Pior do que isto é ficar desempregado num país que falta mão de obra como sempre anunciado? Contradições que devem ser pensada antes de se sentirem inseguros.

A Embaixada brasileira e os consulados brasileiros não se manifestam neste sentindo porque também contratam os empregados pela via mais fácil, por contratos de arubaito, pelo menor custo, e nao pelo justo. Existem 2 tipos de contratos e nossos representantes optam pelo mais barato, mais injusto. Mas está previsto na lei japonesa, então paciência a quem é explorado no trabalho. Vamos destacar outro trecho de um texto para fechar este:

¨Seria muita incoerência se nossas próprias instituições públicas utilizassem as brechas na legislação japonesa para contratar seus empregados de acordo com a “lei do mais barato”, e não o mais justo. O princípio dos Direitos Humanos não pode ser desrespeitado a começar das próprias instituições públicas brasileiras no Japão ou em qualquer outro país. Todos devem ter o mesmo Direito e respeito perante as leis.

Caso as contratações pelas autarquias públicas estiverem de acordo com os interesses de custo sobre carga fiscal, abriria espaço para questionarmos se nossos representantes estão, de fato, interessados em assumir compromissos junto ao governo japonês para que a lei do princípio de igualdade aos trabalhadores seja respeitada.

Caso esse modelo de contratação se confirme, isto mostraria o silêncio, o melindre e a opção por continuar a ter uma comunidade desinformada de assuntos importantes.¨

Quando todos os empregados estrangeiros souberem que o peso da balança está maior de seu lado, poderão cobrar as empreiteiras e os nossos representantes para terem maior responsabilidade e honestidade. Sempre usando a sabedoria, respeito e união para serem fortes e respeitados.

Movimentar uma massa não pensante é mais fácil do que ter que trabalhar para uma massa de pessoas conscientes que exigem seus direitos estabelecidos em lei. Por isto, estejam atentos, exijam comprometimento e união de todos neste sentido.

Fazer o que para mudar? Começando a enviar emails de tudo para a embaixada, para o consulado e para o ETB – Espaço do trabalhador brasileiro. Temos que mostrar nossos problemas, o que esta acontecendo a estes representantes que sempre precisam de relatórios, então faremos todos os emails e enviando sempre até obter resposta. Se ficamos tanto tempo na Internet em redes sociais, temos que postar os problemas que passamos nas paginas do FB da embaixada, consulados e enviar email. Precisamos começar e não parar até que alguém escutem o que acontece e sempre aconteceu nestes mais de 25 anos de imigração regular dos brasileiros no Japão.

By Connexion.tokyo Team

Por favor, ao ler nossos textos: curta nossa pagina no FB clicando aqui, indique a seus amigos…

Referencia:
http://www.mizuho-ri.co.jp/publication/research/pdf/today/rt140303.pdf
http://nensyu-labo.com/heikin_nenrei.htm