Com trabalhos cada vez menos estáveis, média salarial menor, com a diminuição do pagamento de bônus por empregadores, o crediário sempre será uma saída para manter a economia popular circulando.
Foi-se o tempo em que os lixões ficavam abarrotados de produtos semi-novos, trocados a cada semestre por produtos novos adquiridos com o “bom e velho” bônus.
Cada vez mais, ‘usadões’ surgem aqui, ali e acolá, possibilitando a compra de produtos que outrora poderiam ser encontrados em lixões neste Japão afora. (Há a questão da sustentabilidade nisto, e neste aspecto isto é bom.)
Em vez de enviar o bem indesejado para o monturo, japoneses estão preferindo cambiá-los em ‘usadões’. E na aquisição de um produto, ou vão aos usadões tentar encontrar alguma pechincha, ou vão a uma loja dar entrada num novo bem de consumo, num crediário com suaves prestações.
A oferta EXPLÍCITA de crediário em lojas de eletro-eletrônicos demonstra a degradação da relação de trabalho no Japão e a redução salarial, e demonstra também que o comércio está tendo de se adaptar a esta nova realidade — não tão nova assim, já faz um tempo que a economia anda degradada por estas bandas, mas a turma do “Japão maravilha” não percebeu ainda.
Se há oferta de crediário é porque há demanda por crediário, já que comprar produtos pagos numa parcela só e que caibam num orçamento – que antes contava com bônus, estabilidade empregatícia e uma boa média salarial – está cada vez mais difícil.
As japonesas Eidion, Yamada Denki, KS Denki estão praticando cada vez mais o modelo de comércio popular praticado pelas brasileiras Casas Bahia, Ponto Frio e Ricardo Eletro.
Crediário é bacana e tal, facilita o pagamento, mas não deixa de ser um sinal da fragilidade da economia e de como o comércio está fazendo para se adequar a esta realidade.
E você? Trocando os móveis? Trocando aquele ar condicionado e a geladeira dos “Flintstones” que consome 5x mais energia que os atuais? Comprando uma TV nova 4K de 50 polegadas? Estamos vivendo num país de primeiro mundo, temos que aproveitar e contribuir para aquecer o consumo interno da economia. Não podemos esquecer que 60% da economia japonesa tem base no consumo interno.
E os planos para compra de um carro novo zero quilometro? Pois bem, meus amigos japoneses não trocam de carro pelo menos há 5 anos no grupo que tenho conversado.
Quem escreve aqui pode dizer que nos últimos anos tem comprado nada e os passeios mais apreciados está sendo no lojão de usados da internet e as vezes umas pescoçadas nos usados por ai, muito lixo e não atraente. Que bom, assim não fico querendo trocar o rack da tv que já soltou o vidro e estå sem puxador.
Será que a grande maioria dos compatriotas por ai estão nesta pindaíba ou conseguem adquirir novos produtos e estar sempre atualizados com as novidades?
Que Deus nos abençoe e nos de força para manter o arroz com missô as crianças e uns bifes acetolados no domingo!
Abraço.
By Connexion.tokyo Team
Foto de um panfleto promocional ja com prazo vencido – dez/2015