Faculdade de Medicina no Japão totalmente de graça para filha de dekassegui.

Filha de Dekassegui faz Faculdade de Medicina no Japão totalmente de graça.

“Minha filha entrou para universidade japonesa para cursar medicina totalmente de graça. Quero contar uma parte de minha historia e ensinar os compatriotas como é possível esta situação. O texto vai ficar longo, então se não quiserem perder tempo, não continuem a leitura.

Primeiro quero dizer que cheguei ao Japão há 28 anos atrás. Cheguei numa época muito boa onde os salários eram maiores, as obrigações providenciarias não obrigatórias para os estrangeiros.

Havia uma grande dificuldade em adquirir muita coisa, credito restrito a estrangeiros e em muitos casos éramos tratados como escravos mas, tinha a recompensa de ser “bem pago”. Cartão de credito ou alugar uma casa pra um estrangeiro era coisa impossível mesmo.

Direitos trabalhistas e qualquer beneficio era impossível. Olhando hoje ainda vejo que não mudou muito ou quase nada. Os que vejo hoje sao os estrangeiros pagando sozinhos o Shakai Hoken, ganhando menos que se ganhava em 10 anos atras. As empresas descontando 100 ienes do salário quando colocam os empregados no Shakai Hoken e ninguém fazendo nada para mudar, apenas aceitando com o “rabo entre as pernas”, isto me deixa mais triste em saber que os estrangeiros ainda são tratados como quase escravos, obrigados a aceitarem ou perderem os empregos.

Na minha época era possível juntar muito dinheiro porque os brasileiros não viviam de manter aparências e manter coisas somente para impressionar como iphones, carros, games e outras coisas.

Andávamos de bicicleta e eram os verdadeiros brasileiros trabalhando aqui para vencer na nossa terra, mesmo tendo olhos puxados eram e somos brasileiros, nunca seremos japoneses.

Meu pai japonês virou um brasileiro que lutou para ter seus pertences pagos sem ficar com dividas quando foi para o Brasil. A mentalidade totalmente inversa da grande maioria dos brasileiros que hoje esta no Japão.

Comprei uma casa na região de Gunma. Eu e minha mulher pagamos 16 milhões, demos entradas, pagamos financiamento e depois quitamos.

Meu pai faleceu no Brasil, era japonês, a casa da familia é em Sao Caetano do Sul. Meu pai morreu e deixou casa e 2 terrenos que são alugados para garagem de carro. Não mexemos em nada porque ainda nossa mãe é viva e os irmaos nao precisam recorrer a pequena “herança” para saldar contas ou comprar bens.

Mau pai, um japonês que foi para o Brasil com a família, ainda criança, sem ter nada, trabalhou com pouco estudo, comprou uma casa e 2 terrenos sem dever nada a ninguém. Admiro-o muito pela conquista.

Ele nos obrigou a estudar, obrigou mesmo e todos meus irmãos cursaram faculdade publica em Sao Paulo, menos eu que optou por um caminho mais rápido de juntar dinheiro vindo para o “sonho japonês” que hoje é o “pesadelo japonês”. As pessoas veem para o Japão e ficam refém do país, morando mal, se alimentando mal, vivendo mal e não se dão conta disto assim como eu não dava e achava que estava muito bem.

Meus irmãos, estudaram, entraram para Universidades, USP, UNESP e eu Mackenzie – tranquei e vim para o Japão para juntar um dinheiro, tinha que pagar a faculdade e achei que juntar dinheiro aqui seria melhor. Acabei ficando por mais de 20 anos sem estudos, sem saber o que realmente acontecia no Japão e não acompanhando a real situação do país que nasci. Virei um brasileiro sem pátria.

Meus sobrinhos no Brasil todos estudaram e aprenderam o inglês e alguns optaram ainda por estudar em paralelo o japonês pela facilidade de “Nihongakkou” no ABC paulista.

Minhas filhas estudaram nas escolas japonesas, falavam o português, entendiam mas, estavam longe de fazer interpretação de textos e uma boa redação e quando discutíamos assuntos mais complexos somente o japonês era usado – agradeço por saber o japonês desde criança e por ter tido chance de conversar num mesmo nível de compreensão com minhas filhas.

Digo isto porque, muitos amigos não conseguem um padrão de dialogo no mesmo nível com os filhos e os filhos ficam refém da sociedade japonesa com a aprovação de muitos pais brasileiros que usam os filhos como tradutores e não conseguem serem guias dos filhos nas escolhas mais importantes da vida.

Quando se fala isto deixa muitos pais “bravos” mas, é a realidade do dia a dia para uma grande parcela de estrangeiros e não somente privilégio dos brasileiros.

Muitos dizem: “Para que estudar o português se vamos morar para sempre no Japao?” Não vejo necessidade de um brasileiro que vai morar definitivo no Japão saber melhor o português do que o Japonês. O mesmo minha mulher pensou. Os pais simplesmente esquecem de que precisam conversar num mesmo nível de compreensão com seus filhos e serem seus guias, serem pais de verdade, participando ativamente da vida dos mesmos.

Falava constantemente com meus irmão. Minha família mesmo sendo de “nisseis” somos unidos e carinhosos. Todos nós de descendência japonesa mas, com o carisma brasileiro no coração, com o sentimento de família e amizade que somente o brasileiro sabe ter.

Amigos japoneses eu tinha, colegas de trabalho e o tratamento entre eles, entre os membros da família é num nível tao elevado que pais e filhos, irmãos e sobrinhos e até avós se tornam “visitas e o tratamento é quase de estranhos”.

Olhando por este lado consigo entender porque os sentimentos são reprimidos e as emoções não compartilhadas entre as famílias japonesa. Sei que existem as exceções, porem nao tive a felicidade de encontrar uma família diferente.

Culturas totalmente opostas, e o engraçado é que muitos brasileiros copiam os japoneses neste ponto sem ao menos se darem contas que a frieza entrou no coração. Mas vamos lá…

Minha filha mais velha ao entrar no segundo grau japonês me disse que seu sonho seria ser medica e poder cuidar de crianças. Diante disto comecei a pesquisar faculdades de medicina no Japão e apurei que para chegar no final dos cursos os pais desembolsam ate 35.000.000 milhões de ienes somente com a faculdade sem computar tudo que os jovens precisam.

Este preço era de uma faculdade particular visto que as publicas a concorrência é grande demais e a taxa de suicídios entre os jovens que pretende cursar medicina é enorme pela pressão que eles passam em tentar entrar para as faculdades publicas. Na verdade, os japoneses vivem na pressão, ou na escola ou no trabalho. Uma sociedade que vive para o trabalho e não trabalham para viver. Triste mas real.

Pesquisei também as universidades publicas e vi que não existe curso gratuito no Japão. Todas as universidades são pagas inclusive as publicas. Outro ponto que me chamou atenção foi as “Ekiben Daigakku” que tem aos montes. Este “Ekiben Daigakku” que dizer as universidades que vendo diploma, qualquer aluno entra e se forma apenas pagando os anos que são obrigatórios. Pesquise e avo encontrar professores estrangeiros nestas universidades, os mesmo sabem disto e não se manifestam em relação a este fato.

Para quem nao conhece Japão sabe que tudo fica encoberto. O mesmo quando as empresas maiores visitam as empresas menores. Eles dizem dia e hora e uma semana antes começa toda a arrumação “da casa” para receber a visita. Tudo lindo e impecável inclusive a segurança que não existe. Coisas do Japão, coisas de japonês e coisas de estrangeiros que vivem no Japão, tampar o sol com a peneira. Eu fiz isto muitas vezes inconscientemente para mostrar a impressão de ter feito a escola certa.

Voltando ao assunto faculdade de medicina, não é a toa que somente ricos no Japão fazem medicina, a maioria filhos de medicos e famílias ricas, o preço de uma faculdade de medicina é o mesmo de uma casa grande numa região mais valiosa no Japão.

Minha segunda filha veio com um sonho de se formar e ser dentista de crianças. Pronto, estava eu findado a correr atras de financiamento estudantil ou vender “2 rins” para pagar as faculdades. Sim, “2 rins”,  um meu e um de minha esposa.

Imaginem um pai, estrangeiro que trabalha em fabrica tendo que pagar 2 universidades para seus filhos poderem ter seus sonhos realizados?

Cheguei a conclusão que trabalhando 16 horas por dia eu e a esposa, não conseguiríamos ajudar nossas filhas a estudar.

Confesso que fiquei frustado e muito frustado. Tenho 2 sobrinhos que estão cursando medicina na UNESP totalmente de graça. As comparações com Brasil e Japão começam a entrar na minha cabeça de uma forma inversa.

Porque um país de primeiro mundo não tem universidades gratuitas? Porque tudo se paga no Japão sendo que os impostos são um absurdo?

Porque não existe facilidade para um família que não são consideradas pobres no Japão?

Sim, porque se provar que não tem nada, não possui nada no Japão, o governo ajuda muito e nem trabalhar precisa. Como assim?

Simples mesmo, assine um compromisso que não possui nada – (será verificado) – prove que não tem nenhum dinheiro em conta bancaria e não possui nem bicicleta, esta feito. O governo lhe concede dinheiro para alimentação, dá casa e inúmeras ajudas. Este é o Japão que muitos admiram, principalmente os pobres que vivem com o salário do proximo mês pendurado e estão na linha da pobreza mas, vivendo num pais de primeiro mundo.

Agora para quem comprou um patrimonio, tem um pouquinho de dinheiro guardado para emergências e para os estudos dos filhos, tem que pagar tudo inclusive as ajudas para quem recebe sem trabalhar.

Cheguei a pensar que seria melhor não ter nada e poder desfrutar destas ajudas, contudo, mesmo sendo pobre e miserável no Japão as universidades publicas seriam pagas através de financiamentos estudantil.

Verificando os financiamentos para minhas filhas, a primeira etapa é ter avalistas, avós, tios e pais. Tendo avalistas com empregos fixos os financiamentos saem mais fácil do que “bagre ensaboado na mão de pescador.”

Agora me diz, qual brasileiro que tem este respaldo de ter família completa no Japão e com empregos fixos? Achar agulha em palheiro é mais fácil do que ver compatriotas com este respaldo e suporte de avalistas.

As instituições de credito que fui procurar – (domino o japonês a um nível de não precisar de tradutores, não sou perfeito mas, entendo e consigo me expressar muito bem) – todas as 4 instituições me conduziram para que as minhas filhas escolhessem cursos de cuidados a idosos ou enfermagem. Disseram que a demanda era melhor, financiamentos mais fácil e cursos mais baratos e mais empregos quando se formarem. Eu concordo o que mais tem no Japão é emprego mas salário é o que não existe.

Pessoal, nao adiante ter emprego e não conseguir sobreviver e ter que trabalhar mais de 15 horas por dia. Escravidão ou país de primeiro mundo?

Inclusive os professores do segundo grau também direcionaram minha filha mais velha para ser uma cuidadora de idosos dizendo que seria o melhor pelo perfil delas e melhor para o país ter estrangeiros neste segmento de emprego. Olha a cascata dos professores, querendo definir o futuro dos jovens. Pra cima de minhas filhas não.

Neste ponto de dizer que é melhor pelo perfil quer dizer: “É melhor porque estrangeiros tem que pegar vagas que não tem pessoas para ocupar e ser medico no Japão é para japonês. Dificultam o financiamento e colocam facilidade de empregabilidade em outras profissões como moeda de troca para os pais pensarem que os professores estão corretos. Tudo uma sintonia perfeita que deixa a grande maioria dos pais pensando que optaram pelo melhor.

Os professores tiram os sonhos dos jovens de uma maneira que os colocam em opções que o país tem carência de mão de obra e não os deixam sonhar ou acreditar nos seus próprios sonhos.

Estou dizendo como opinião pessoal, se a sua for diferente, tudo bem, escreva como eu estou escrevendo e mostre seus pontos positivos em relação a esta meia vida que os estrangeiros vivem no Japão.

Meia vida sim porque muitos brasileiros deixam seu ego tao grande que não conseguem pensar em tomar atitudes que ajudem seus filhos.

A grande maioria quer ter o controle de uma situação sem controle e apenas pensar que o amanha será melhor. Esperanças não pagam contas e não ajudam na realidade que nos cerca.

Pois bem, chegamos a conclusão que minhas filhas não conseguiram se formar em medicina e nem odontologia.

Eu chegando aos 50 anos, com contrato em empreiteira – não quis ser empregado direto porque as empresas na minha região que empregam direto pagavam e ainda pagam menos que as empreiteiras – esta é a realidade para os peões de fabrica.

Tem que achar uma boa empreiteira e receber horas estas, as empresas com contrato direto tem salários mais baixos e muitas nem hora extra pagam.

Eu fazia as horas extras que os japoneses não faziam e eles não faziam porque simplesmente não recebiam. Simples entender que ser um empregado com contrato direto é apenas um sonho que quando se realiza nao acrescentou nada na vida de ninguém, melhor, diminuiu o salário.

Entrar em empresas grandes? VOU DIZER BEM GRANDE: IMPOSSÍVEL PARA UM ESTRANGEIRO QUE CHEGOU POR BAIXO AQUI NO JAPAO.

Tem que ter faculdade, ser escolhido antes de terminar o curso e ser virgem de serviço. Pronto, não existe segredo.

Nunca vi aparecer um brasileiro que chegou como dekassegui e chegou a ser contratado por uma grande empresa. Tem uns playboyzinhos em Toquio – cheguei a pesquisar também – se dando de caçadores de cabeças para as grandes empresas mas, os caras estão se matando para vender MMN e cursos e palestras na internet e querem dizer que os jovens estrangeiros no Japão tem inúmeras chances… blablabla… Sem mais comentários.

Pode aparecer um ou outro, uma agulha no palheiro com ganhar na loto, não é algo comum nem simples.

Chegando a conclusão que minhas filhas teriam que ser enfermeiras resolvi trocar ideia com meus irmãos e nada como conversar com a família quando a mesma pode dar suporte coerente e usar a cabeça para pensar em beneficio comum da família.

Um dos meus sobrinhos estava num processo de inclusão em bolsas de estudos e escolheu o Japão para fazer seu curso superior. Meu irmão me disse porque minhas filhas poderiam fazer o mesmo?

Minha primeira reação foi dizer: Nós moramos no Japao, vivemos aqui e não podemos nos beneficiar disto.

Foi ai que meu irmão disse:

E voce o que consegui nestes anos de Japão? Aposto que não coloca tudo em 10 malas e riu demais.

Fiquei bravo e a ficha caiu. Tinha uma casa que me custou 16 milhões, já tinha pago mais de 21 milhões e ainda devia 4 milhões. Tinha uma poupança para dar respaldo para minhas filhas na faculdade, tinha carro eu e a mulher se vendidos nem 1.000.000 de ienes entrariam na conta e eram carros bons, 4 anos de uso.

Eu achando que estava com a vida ganha e não tendo nada no Japão. Ego de dekassegui que pensa que esta bem e melhor do que os pobres mortais no Brasil.

Foi ai que meu irmão disse: vende a casa, quita a casa e fica sem dividas no Japão. Envia suas filhas ao Brasil para estudar o português e inglês num melhor nível.

Era impossível minhas filhas conseguirem vagas em universidades publicas brasileiras pelo não domínio fluente no português.

Olha a inocência de um brasileiro que acha precisa estar no Japão não tendo nada, nem experiência profissional.

Terminando a conversa me irmão disse:

Venda a casa, quita tudo, pega o pouco dinheiro que tem, envia aos poucos ao Brasil e ainda vai abatendo em impostos porque pode colocar dependentes mesmo não enviando dinheiro a eles, envia o dinheiro picado e usa nome de dependentes, muitos fazem isto e ficam isentos de imposto. (Isto era antes do ano de 2016, agora acabou a farra).

Volte para o Brasil, cancele o visto permanente e desvincule do Japão, esqueça o Japão para voce e sua esposa viver. Volte para o Brasil, viva na casa da nossa mãe, pegue um pouco do seu dinheiro aumente sua pequena casa enquanto isto suas filhas irão estudar português e inglês.

Elas irão dar um tempo no sonho de universidades por 2 anos para se dedicarem aos estudos de línguas.

Minha mulher ficou maluca, chorando como se o Japão fosse o ultimo país do mundo que ela poderia viver. Eu me senti sem poder tomar qualquer decisão e me senti também um peixe fora da agua.

Pois bem, fiz quase tudo conforme meu irmão disse. Vendi a casa por 8 milhões (estava usada e era o melhor preço que consegui) paguei 4 milhões de divida e sobrou 4 milhões para aumentar minha casa no Brasil. Quanto perdi? Não importa vai voltar muito mais e ainda direto do governo japonês e do imposto que paguei. Como? Terminem de lerem se conseguirem.

Enviei as crianças e a mulher para o Brasil com o visto permanente cancelado, terminei de arrumar tudo e cancelei meu visto também.

Sai do Japão com menos de 10 malas como meu irmão falou. Tudo num processo de 2 anos até minha saída definitiva.

As meninas demoraram um pouco para se adaptar mas, a ajuda da família e primos foi algo que agradeço todos os dias a Deus e a todos que nos ajudaram.

Em resumo, minha filha mais velha conseguiu ser aprovada para o curso de medicina e ainda recebendo uma bolsa de quase 150.000 ienes por mês. Isto quer dizer que o governo japonês esta pagando o curso total na casa de mais de 35.000.000 de ienes e ainda fornecendo quase 150.000 por mês para cobrir as despesas dela.

A mais nova esta no processo de ser aceita no curso de odontologia onde o custo é o mesmo de do curso de medicina, mais de 35.000.000 no total dos anos. A ajuda de custo mensal da bolsa de estudo também na ordem de 150.000 ienes por mês para a minha filha mais nova.

Se somar tudo, somente a ajuda de custo por ano para as duas meninas sera quase 300.000 ienes por mês para as 2 filhas. Este valor em salário,  eu teria que trabalhar muito para ganhar livre.

O valor da faculdade? O mesmo que comprar a vista 2 casas nova na região de Aichi que eu sempre quis morar pelos melhores salários.

O que me custou abrir mão de morar no Japão? Apenas a vontade de voltar ao Brasil para que minhas filhas tivessem a chance de cursar uma universidade de medicina gratuita e  no Japão elas teriam mais chances por dominarem o japonês num nível universitário.

Alguns irão perguntar e dizer: Voce se afastou de suas filhas, elas irão morar no Japão para sempre e voce no Brasil… e blablabla…

Eu me afastei de toda a familia e vim morar no Japão, também deixe meus pais e sogros no Brasil. Perdi meu pai e nem ao enterro pude vir.

Se minhas filhas tivessem no Japão e conseguisse entrar na universidade de medicina elas iriam morar em Nagoya ou Osaka, longe de Gunma que é um fim de mundo mesmo.  Eu teria que trabalhar muito não tendo tempo para vê-las e nem elas pelas obrigações do curso e “arubaitos” que teriam que fazer para conseguir ao menos comer.

Estou muito feliz em saber que a recompensa de ter ficado no Japão irá ser quase 100.000.000 de ienes que tera o custo dos cursos das duas mais as ajudas de custo que o governo japonês esta bancando. A onde um brasileiro conseguiu ganhar 100.000.000 ai no Japão? Agora vem o pessoal falando do salário do Presidente da Nissan como todos os peões ai no Japão fossem presidentes de empresas multinacionais.

As universidades das minhas filhas não serão de graça,, não são publicas, são universidades privadas e terão custo. Me informaram que o governo japonês ira fazer o pagamento total as universidades pelo programa de intercâmbio com os estrangeiros. Sendo assim os impostos que paguei não foram perdidos.

Se minhas filhas irão ficar no Japão? Penso que não, elas pesquisaram e aqui em Sao Paulo no Hospital Santa Cruz recebe recém formados em medicina do Japão para intercâmbios em residência por 2 a 4 anos. Tem toda a facilidade de registro de profissões e por ai vai. Elas estão cursando faculdades de peso em nome e ensino.

Elas podem entrar neste intercâmbios de recém formados, fazer sua residência no Brasil e acabou o problema de estar longe da família.

Eu penso que elas terão que ser livres e escolher seu futuro e penso que poderão estão muito bem sendo medicas no Brasil ou qualquer lugar do mundo e até no Japão se desejarem.

Se fosse fazer tudo pelo mais conveniente para eu e minha esposa, ou mais conveniente para o as instituições de financiamento estudantil do Japão, minhas filhas pegariam empréstimos para estudar enfermagem ou para cuidarem de idosos. Salários de 160.000 a 180.000 trabalhando 12 horas por dia, em resumo servindo de ponte para suprimir a mão de obra especializada que não tem no Japão e recebendo menos que um peão de fabrica.

Nem precisa dizer que os salários para estas profissões no Japão é muito mais baixo que os salários de fabricas e elas seriam semi-escravas do sistema tendo que trabalhar para pagar seu financiamento e não conseguindo realizar o sonho de escolher a profissão.

Deixo claro que não desmereço nenhuma profissão, nem estou aqui dizendo que os jovens que optam por isto terão menos chances ou escolheram errado. Estou dizendo minha historia e opinião pessoal.

Esta é a realidade de Japão que as pessoas esquecem. Peão de fabrica ganha mais que formados no Japão. Hoje me dia é assim. E não vem falar que os japoneses ganham bem. Eles ganhavam bem, hoje esta lotando as lojas de usados, não trocando carros e até comendo mal. A crise chegou há mais de 10 anos e o pessoal não cai a ficha. Eu que o diga que em 10 anos só tive perdas salariais e aumento do custo de vida.

Estou relatando apenas a minha escolha e o que aconteceu apenas por que escolhi abandonar o Japão quando minhas filhas quiseram entrar na universidade e seguir seus sonhos. Não fui um “burro com viseira que enxerga somente para frente”. Tinha tudo para ser este “burro” senão fosse minha família.

Se estivesse no Japão, com mais de 50 anos, todos sabemos que os salários seriam baixos, as empresas não teriam um tratamento melhor para pessoas com mais de 45 anos. Serviços em “bentoyas” ou electrónicos recebendo” o mesmo que as mulheres”. Sim no Japão as mulheres ganha menos que os homens.

O que estou fazendo no Brasil?

De tudo, trabalho atualmente com fretes, limpeza em geral, minha esposa esta tocando uma lojinha de chaves (um chaveiro) que abri e ela ganha mais de 2,2 salários livre de tudo. Para ela muito bom.

Para mim, defendo o que posso. Estou começando a limpar toldos dos estabelecimentos comerciais e ganhando ate 230 reais por dia na “informalidade”, um dia pelo outro ganho 120 reais. Faço ate serviço de limpeza de terrenos vazios e ajudo feirantes com transporte e ganho muita verdura passada que no Japão teria que pagar.

Confesso que no Japão seria impossível ser um informal com os japoneses pelo menos para mim. No Japão tem regras para tudo, regras para conduzir as pessoas a serem empregados de empresas e não poderem trabalhar para si.

Os que conseguem ficam limitados a estarem trabalhando para suas comunidades estrangeiras, presos no circulo vicioso de não se integrarem a sociedade japonesa.

No Brasil não produz quem não quer. País grande, precisa ter vontade e não ter vergonha e saber que ser pobre é não poder ter um carro novo e pagar um carnet de prestação somente para ostentar.

Estamos juntando dinheiro para a passagem das meninas  quando chegarem as ferias de verão no Japão e ainda fazendo um bom relacionamento de contatos nos locais que elas poderão fazer residência, aprendo todos os dias coisas novas no meu país e no Japão era apenas um corredor de linha de produção que fez o mesmo trabalho por mais de 17 anos. Imaginou um cidadão 17 anos correndo de um lado para o outro numa linha de produção e fazendo o mesmo serviço? Coisa de doido mas, fiz com responsabilidade.

Muito simples e fácil para os estudantes nippo-brasileiros e brasileiros conseguirem bolsas de estudos no Japão ou em qualquer país. Fácil porque estudante tem que estudar e se estudar consegue, se não conseguir pode tentar, tentar e tentar de novo, tem bolsa para pessoas ate com mais de 35 anos de idade lá no Japão.

O interessante é que para o japonês, se não entrou na universidade depois que sai do segundo grau, não será com mais de 23 anos que entrara na faculdade. O pessoal defensor do Japão e de plantão indiquem um japonês que tem 30 anos fazendo faculdade. É mais fácil o “saci perere” cruzar as pernas.

Existem inúmeras bolsas e de agora em diante já que os jovens no Japão estão diminuindo a cada ano. Haverá mais vagas e com menos concorrência para os jovens que veem de fora, sejam por descendência sejam porque são brasileiros, seja porque são estrangeiros.

Existe quantidades de vagas destinadas a brasileiros e descendentes, sendo assim existe uma maior facilidade de jovens brasileiros com conhecimento de japonês entrarem gratuitamente nas universidades japonesas. Porque os cabeças gordas dos pais que moram no Japão não fazem o que fiz para ajudar seus filhos? Não os caras preferem que as crianças já entrem no financiamento sem antes conseguir um trabalho.

Nao entendo o porque os brasileiros no Japão gostam tanto de financiamento, financiam carro, casa, celular, financiam tudo. Eu era assim, achava que estava fazendo o melhor.

Quem paga toda a conta das universidades que os estrangeiros cursam? Claro,  o povo japonês através dos impostos e dos estrangeiros que estão trabalhando no Japão.

Eu só tenho que agradecer este pessoal que trabalha e paga em dia os impostos para que os estrangeiros possa estudar e receber para estudar.

De tudo isto eu só acho injusto os japoneses terem que pagar as universidades japoneses e os estrangeiros que vivem la também.

Claro, não esqueça se for pobre tem muitas vantagens mas, quem quer ser pobre no Japão? País de primeiro mundo…

Não existem nada de graça para os japoneses ou estrangeiros que vivem definitivos no Japão. Isto é triste, muito triste.

As universidades publicas japonesas deveriam ser gratuitas, mas se os japoneses pagam e não reclamam, quem sou eu para tentar mudar isto?

Eu sou um simples brasileiro que pensou como um brasileiro e conseguiu uma recompensa de não ter uma divida de 70.000.000 de ienes com o estudo e gasto total dos cursos das 2 filhas.

Abri mão de morar no Japão para que minhas filhas estudassem o que escolheram estudar.

Se valeu a pena? Esta valendo cada minuto, vivemos felizes em saber que elas estão trilhando a busca de seus sonhos. As duas estão cursando o curso que escolheram como sonho de profissão.

Estar arrependido de estar vivendo a violência do Brasil dia a dia? Mais de 200 milhões de pessoas estão vivendo aqui e defendendo o seu pão diário.

Enquanto no Japão pensamos em horas extras, no Brasil queremos ter tempo para aprender sobre muitas coisas que deixamos de aprender, ficamos parados no tempo e achando que o Brasil era o mesmo de 20 anos atras.

Problemas politicos? Violência aos montes mas, grandes oportunidades se a pessoa escolher ser melhor, fazer melhor e colocar em pratica o que viveu no Japão.

Porque minha mulher tem sucesso na lojinha de chaves? Ela copiou o sistema de atendimento do Japão e os clientes somente aumentam. E levamos a vantagem de sermos orientais. Os clientes brasileiros parecem que levam esta situação como primeiro ponto para escolher nossos serviços. Somos os japoneses das chaves e os brasileiros adoram os “japoneses chaveiros”.

Lembrei de um brasileiro ai no Japão que tinha clientes japoneses sem saber que o mesmo era brasileiro e quando sabiam que ele era estrangeiro se assustavam.

Fico a perguntar imaginando se ele colocasse a bandeira do Brasil no seu carrinho de negócios se aumentaria ou afastaria os clientes japoneses? Aqui a bandeira do Japão atrai os clientes.

Minhas filhas estão fazendo plano de morarem juntas em um melhor apartamento e terão uma renda liquida de quase 296.000 por mês, plano de saúde nacional japonês de apenas 21.000 ienes por anos e se fizerem media de 15 horas por semana de arubaito, ganharam 15.000 por semana, sendo   60.000 ienes por mês, somado a bolsa de quase 150.000 mil ienes, ganharam 210.000 ienes por mês x 2 meninas na casa de 20 anos = 420.000 ienes por mês, sem pagar impostos e nem previdência nacional obrigatória, elas são estudantes.

Imagino eu e minha esposa tendo que ganhar 420.000 na mão, limpo, vocês podem dizer quantas horas teria que ser trabalhadas?

Agradeço muito a meu irmão que soube enxergar o que eu não conseguia e ter dado força para hoje ser um pai que recebe mais de 500.000 ienes por mês para cada filha, tudo pago pelo governo japonês.

Como assim? Pegar o valor total do curso de medicina ou odontologia de 35.000.000 de ienes, dividido por 6 anos, teria quase 486.000 ienes por mês, somado com a ajuda de custo mensal de quase 150.000 ienes daria 636.000 ienes por mês para cada filha.

Agora espero que fique fácil para o muitos compreendam a conta e não pensem que estou “surtado”.

Agradeço se colocarem minha experiência de vida as pessoas.

Que sirva de lição esta minha historia para muitos pais que “ajudam” seus filhos a ter dividas estudantil e ficarem limitados a estarem enraizados somente numa empresa japonesa até sua aposentadoria para honrar o compromisso de pagar os créditos estudantil no Japão. Não entendo porque brasileiro gosta de divida de tudo que é situação. Abram os olhos, procurem as facilidades de serem dekasseguis inteligentes.

Sorte a todos e que Deus nos abençoe.”

J.H.N – 52 anos, Sao Caetano do Sul.

PS. Quando vim para o Japão tinha uma casa meia agua que meu pai ajudou a construir num terreno que comprei a prestação depois que cheguei ao Japão. O terreno é grande em Santo Andre, que por sorte não vendi mesmo querendo viver para sempre no Japão. Coisas que as vezes somente Deus sabe explicar.

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