Está endividado? Não consegue sair do vermelho? Aprenda a driblar os gastos e a economizar.
Caro(a) leitor(a),
Olhos à leitura!
Pense num brasileiro no Japão, amigo seu mesmo (todo mundo tem um camarada assim), que se arrebenta de ganhar dinheiro fazendo horas-extras, e sai gastando muito, sem planejamento, “fazendo graça” para parentes e amigos, ostentando e tal, mas quando as horas-extras diminuem ele passa aperto e fica amuado… Pensou?
Pois é. Talvez este teu amigo seja uma pessoa que veio ao Japão para trabalhar, juntar dinheiro e voltar para o Brasil. Trabalhou um, dois, três anos e quando estava na época que havia proposto de retornar, pensou bem e decidiu ficar mais um pouco, para aproveitar a estabilidade econômica do país.
Contudo, enquanto trabalhava e juntava suas economias, no Brasil o custo de vida se elevava em ritmo acelerado. Aquela noção de custo de vida barato “cristalizada em sua memória”, já não correspondia à realidade.
Sua permanência aqui foi ficando incerta, sua poupança ficava menor comparado ao custo de vida brasileiro. Mas, ele tinha estabilidade no trabalho, então, estava tudo bem! Pra que se preocupar, não é mesmo?
Talvez ele seja uma pessoa que de tanto trabalhar em linha de produção várias horas seguidas, assemelhando-se a um robô, e por causa das incertezas quanto ao retorno ao Brasil e na expectativa de usufruir do fruto do seu trabalho, o dinheiro, os gastos e ostentações tenha surgido como um escape para aplacar essa tensão. E assim, o estilo de vida que estavam reservados para quando retornasse ao Brasil foi posto em prática aqui mesmo. Talvez esse amigo seja um indivíduo que quis integrar-se à sociedade japonesa, equiparar-se ao japonês pelo consumo exagerado e sem preparação.
Com isso, o brasileiro, seu amigo, começou a dividir suas reservas entre poupar e gastar. Porém, dado ao prazer proporcionado, o consumo ganhou mais e mais espaço, até chegar ao ponto do amigo não conseguir mais guardar nem um iene, tendo que recorrer às suas reservas para complementar o orçamento mensal.
Hoje em dia é comum brasileiros assim terem de recorrer a cartões de crédito, parcelando os empréstimos ou os gastos no cartão; tendo que trabalhar um mês pensando no valor da fatura do cartão que vence no outro mês. E a vida vai seguindo dessa forma, vão empurrando com a barriga…
Há ainda os brasileiros que estão procurando se endividar a longuíssimo prazo, entrando em financiamento de casas novas, com valores acima de 28 milhões de ienes, por exemplo. Neste valor, a pessoa começa pagando parcelas de 80 mil ienes aproximadamente, porém, posteriormente vai aumentando, passando de 100 mil ienes por mês. Para quem tem dificuldades em economizar dinheiro pensando no futuro, estando pagando apenas 40 mil ienes de aluguel, imagina pagando mais de 80 mil ienes de prestação? Já imaginou? E será que compensa mesmo se aventurar nisso não tendo ao menos garantias trabalhistas, sendo trabalhadores temporários?
Há também aqueles que querem entrar no financiamento de imóveis aqui como forma de aplacar a frustração de ter vindo pra cá e não ter conquistado nada, do ponto de vista material. “Compram” (ainda é do banco!) pensando em mostrar para familiares no Brasil que aqui eles evoluíram e que preferem ficar aqui e tal. Falam mal do Brasil, fazem comparações abusivas e descontextualizadas, tudo como uma espécie de ‘mecanismo de defesa do ego’, na tentativa de aplacar a dor causada pela frustração de ter vindo pra cá e ainda não ter conseguido voltar no “salto alto” para o Brasil. E assim, acabam ficando como o amigo, aquele seu conhecido.
Para as famílias que souberam planejar, souberam investir, esperar e serem sábias nos seu planejamento, compararam casa, estão com carros novos quitados, prestações das casas com valores de até 50 mil ienes e faltando pouco para terminarem seus financiamentos. São estas famílias que estudaram o idioma do país, foram participativas na educação escolar de seus filhos e souberam guiá-los e ajudá-los a escolher um ramo de estudo universitário que traga satisfação pessoal a seus filhos, e não somente um diploma e um emprego obrigatório para se incluir na sociedade.
O exemplo destas famílias devem ser seguidos, estas pessoas que souberam aplicar seu dinheiro de forma correta e sábia. Hoje estas mesmas famílias, com toda certeza, estão fazendo um bom planejamento de aposentadoria, estão pensando na educação e criaram alternativas para que os filhos pudessem aprender outros idiomas além do japonês e português, que é lingua nata. O exemplo destas famílias deve ser copiado, deve ser divulgado a fim de ajudar a todos nas melhores decisões para sua estadia permanente no Japão. Parabéns a estas famílias!
Para terminar, gostaria de chamar a atenção do(a) caro(a) leitor(a) para algumas dicas simples, para você que não quer tomar o mesmo rumo que o amigo do início do texto tomou:
1- Corte gastos desnecessários pela raiz. Exerça o controle da sua renda e dos seus gastos. Só você sabe onde o ‘calo aperta’. Tenha equilíbrio.
2- Não se embarace com endividamentos por frivolidades; você não precisa ‘ter’ para ‘ser’. Sua identidade não é formada por bens materiais. Tente ser você mesmo, sem subterfúgios.
3- Não se apoie nas ostentações fúteis e descabidas nas redes sociais, sobretudo para parentes e amigos que estão no Brasil nem amigos no Japão; não faça disso a finalidade das suas aquisições materiais, tampouco a motivação para o consumismo.
4- Fuja da tentação do consumismo exagerado, não planejado e impulsivo.
5- Ao ficar vivendo relaxadamente e de qualquer jeito, enrolado em dívidas, tele-guiado pelo consumo exacerbado e pelos apelos de produtos que estão na moda, acomodado às prestações sem fim, passando sufoco esperando o dia do pagamento, proscartinando decisões… o ser humano tende a ficar trabalhando apenas para concretizar o sonho dos outros (de quem lucra com tais comportamentos acima listados).
6- Aproveite a oportunidade e o momento – para quem ainda é apto – para trabalhar, poupar, planejar e investir. Tente articular uma planilha financeira observando as seguintes proporções – do total da renda familiar bruta: 20% para encargos sociais e impostos; 25% para poupar; 10% (no máximo) de endividamento (prestações), somente por necessidade, não por frivolidade; 45% para as despesas gerais.
7- Principalmente agora, com a desvalorização do real, está aí um momento oportuno para que muitos tirem o pé da inércia, da covardia e da frustração, e, quem sabe, possam construir algo a deixar para os filhos no Brasil. Mesmo que queira morar para sempre no Japão, aprenda a investir e a contar com os juros compostos nos bancos brasileiros (no Brasil, pois os que estão aqui pagam juros abaixo da média brasileira), para que você possa colher os frutos a médio e/ou a longo prazo, pensando, também, no complemento da aposentadoria.
8- Para tudo que for comprar, nunca olhe apenas o preço que está na etiqueta, pense sempre se haverá custos adicionais para manter tal aquisição e se compensa arcar com tais custos. Às vezes, o que é barato na etiqueta, na hora da compra, pode ser uma tremenda dor de cabeça com o passar do tempo.
9- Adquirir novos produtos em promoções de “CASHBACK” ou mesmo ter uma conta de telefone celular maior que 2.000 ienes por mês é algo totalmente desnecessário e só aumenta o lucro das empresas que vendem, das empresas que fazem propagandas e das pessoas que são divulgadores destes serviços não necessários.
Forte abraço!
By Connexion.tokyo Team