“Brasileiros ‘revoltados’ no Japão podem ter o visto negado”. Análise do fato.

Recebemos algumas mensagens em nosso e-mail, talvez no intuito de nos “alertarem”, sobre um texto de um “famoso colunista” brasileiro no Japão com o título “Estrangeiros ‘revoltados’ com o Japão podem ter o visto negado”. Triste saber que a partir desta data o “famoso colunista” se auto intitula como “Colunista Coxinha”.

Vamos fazer uma análise e procurar mostrar o que realmente este “Colunista Coxinha” quis fazer na opinião de um simples site que procura informar a comunidade brasileira no Japão das arbitrariedades que a mesma é condicionada todos os dias.

O texto é do conhecimento de muitos que já comentaram e expuseram suas opiniões, todavia, para quem não leu o texto, …clique aqui para ir para a matéria no site da “empresa jornalística” brasileira na Japão…

O texto diz respeito a um estrangeiro que se manifestou contra o governo japonês e teve seu visto negado – mesmo que o fato tenha acontecido há mais de 30 anos. Assim, vamos lá.

Seria preciso saber o teor da manifestação do Sr. McLen e como foi sua performance na frente da Embaixada; são informações cruciais para a tomada de decisão por parte do Tribunal, assim como sua vida pregressa no Japão, antecedentes no país de origem, situação trabalhista aqui etc.

A considerar este pequeno fragmento da sentença da Suprema Corte, citado pelo colunista, principalmente na parte onde o Tribunal salienta: “[…] Os direitos fundamentais também se aplicam à atividades políticas, exceto para atividades que são consideradas INADEQUADAS […]” (grifo meu), posso conjecturar que, o supracitado cidadão norte-americano, no ato da sua manifestação pública, tenha, provavelmente, incorrido em crime de calúnia, injúria ou difamação e outros. Ou seja, a meu ver, a sentença pode ter sido baseada no teor do discurso e na forma como ele conduziu seu protesto.

Se no ato de qualquer manifestação pública, por meios verbais ou não-verbais, por escrito ou oralmente, um cidadão passar dos limites da liberdade de expressão e da livre manifestação do pensamento, e entrar no campo da calúnia, injúria, difamação, incitação ao ódio, não há artigo de “liberdade de expressão” que o livre de pagar pela infração cometida.

Passar a ideia de que “Tomem cuidado! O direito à liberdade de expressão e ‘opinião relevante’ contra o governo não vale para estrangeiros”, tomando como base um único caso como premissa — e sem saber do teor do referido protesto e dos autos do processo transitado e julgado na Suprema Corte — é uma afronta à lógica formal. O colunista generaliza a questão quando afirma: “estrangeiros ‘revoltados’ podem ter visto negado”, partindo de uma particularidade mencionada apenas superficialmente por ele: o caso McLen.

Sejamos críticos e analisemos a lógica do colunista; sua linha de raciocínio foi mais ou menos assim:

“Se um estrangeiro (só um) que protestou contra o governo japonês (há mais de 30 anos) teve a renovação do visto negada, logo, todos os estrangeiros que expressarem opinião contrária ao governo local podem ter a renovação de visto negada.”

(Meu Deus do céu! Olha o nível da argumentação de um colunista de um dos mais antigos portais brasileiros de notícias no Japão…)

No meu direito sagrado de expressar minha opinião, este artigo está mais para uma tentativa velada por parte do colunista — de uma mídia fortemente patrocinada por empreiteiras, é bom frisar isto —, em dizer para a comunidade: “olha, se até eu, o cara da poderosa mídia brasileira no Japão, que modestamente expresso minha opinião, e nem me considero um formador de opinião relevante, vou maneirar e amansar minhas críticas, então seria bom algumas páginas de facebook, vloggers e universitários da comunidade pensar melhor antes de expressarem suas ‘revoltas’, hein!”.

Muito perspicaz se colocar como “exemplo” de uma mudança de postura frente a este “achado jurídico ameaçador”. Nas palavras do colunista:

“Mas o alerta de um amigo japonês, que estuda direito em Kyoto, me fez pensar seriamente em amansar minhas críticas e me comportar como um bom “coxinha” para preservar meu status de residente.”

E observem que o “Colunista Coxinha”, delicadamente, escolheu um amigo da Universidade de Kyoto, isto é, já pegou uma das melhores universidades do Japão para não deixar sombra de dúvidas que o “argumento” é forte.

Ao se colocar como alguém que já teceu algumas críticas, mas que a partir do “alerta do amigo” prefere se segurar e amansar suas críticas, a fim de PRESERVAR O SEU STATUS DE RESIDENTE, e ele enfatiza isto novamente no final do texto, o colunista utilizou-se de uma técnica, digamos, meio malandra, para induzir um comportamento desejado, e utilizando como reforço a grande recompensa: a preservação do visto.

Ora, um formador de opinião não forma opinião só expressando a suas ideias de qualquer jeito, é preciso algumas técnicas para isto. Mas seria melhor se fosse por meio de uma chamada à reflexão, apresentando argumentos sólidos, não por meio de “técnicas malandras”.

Em suma, trata-se de uma tentativa velada de tentar cercear a livre manifestação do pensamento por parte dos brasileiros, público alvo do site de sua coluna, e público que deve ser constantemente amansado para o bem de alguns possíveis patrocinadores, a saber: empreiteiras que não cumprem com suas obrigações e que contam com a negligência do poder público japonês.

Nota-se uma tentativa sorrateira, sutil, meticulosamente engendrada de amordaçar alguns poucos que alçam suas vozes contra a omissão do poder público local em intervir em questões diversas relacionadas aos estrangeiros.

Também uma forma de fomentar e impor uma “cultura do medo” por meio de publicações alinhadas com interesses daqueles que garantem os meios de o colunista e o veículo para o qual escreve terem suas necessidades materiais supridas.

Cabe ao leitor fazer uma leitura mais crítica daquilo que se lê por aí. Tomando cuidado com sofismas, superficialidades, que tem como único objetivo induzir o público a aceitar passivamente a condição de “explorado agradecido” e, agora, “amordaçado” pelo alerta do “amigo” do colunista, baseado num único caso, ocorrido a mais de 30 anos…

Aqui, diretamente para o “Colunista Coxinha”: não se preocupe com um futuro processo de cassação de seu visto por fazer críticas ao governo japonês. Lendo sua coluna, vemos que entre críticas e elogios ou manobras para ajudar o governo e os patrocinadores a ter controle das notícias, você esta com crédito positivo para mais de 100 anos de visto.

Precisaria muito mais do que meia-dúzia de textos de críticas ao governo japonês do “Colunista Coxinha” para que tivesse efeito em um possível processo de cancelamento de visto.

Seria preciso manifestação com um grupo de pessoas que lutam por um mesmo objetivo, seria preciso encabeçar uma liderança de uma forma a ser um formador de opinião e uma pessoa que luta em prol da comunidade.

Neste ponto, vemos que o “Colunista Coxinha” esta anos luz de distância de tais ações.

O mais engraçado de um texto como este é que agora aparece pessoas que não sabem fazer nada mais do que apertar parafusos e correr de um lado para outro numa linha de produção, além de não terem outros assuntos que não seja seu próprio trabalho, carro ou chefe, e também os vídeos de “vloggers comédias” dizendo: “Se não estiver contente, vaza!”; ou, “reclamam do Japão mas ainda estão vivendo nele”; e ainda, “vao colocar filipinos no seu lugar!”, e mais outras frases hilárias que mostram a falta de fundamento e um bom argumento.

Para o “Colunista Coxinha” agradecemos a oportunidade de análise do texto – ora escrito por “inocência” em subestimar que não teria pessoas para discordar, ora escrito com soberba em pensar atingir a comunidade num todo e limitá-la a viver nos nichos das explorações de empresas, mídias e no descaso das autoridades brasileiras locais que simplesmente se abstém de informar com mais prestabilidade e responsabilidade as falcatruas que existem por parte da grande cadeia de negócios que focam na comunidade brasileira no Japão.

Aos que irão dizer: “Se não estiverem satisfeitos, vazem!” dizemos: “Cuidem de sua família, estudem um pouco o português pelo menos para os comentários e aprendam o japonês. Saibam que no Japão não existe mais uma comunidade estrangeira nômade que muda de acordo com a demande de empregos. A comunidade é formada de pessoas com residência fixa que começam agora a luta por equidade de direitos por causa dos deveres que lhe são cobrados.

Aos nossos leitores que pediram uma opinião do texto do conceituado “Colunista Coxinha”, resumimos o referido texto em uma manobra infeliz de querer pressionar as pessoas a continuarem quietas quanto a reivindicação dos direitos, pressionando-as no seu ponto fraco: risco de perder o visto de permanência no Japão.

Abraço a todos!

By Connexion.tokyo Team

PS.
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