Caro(a) amigo(a) leitor(a),
Começarei o presente texto propondo o seguinte:
Pense num brasileiro no Japão – amigo seu mesmo, todo mundo tem um camarada assim -, que se arrebenta de ganhar dinheiro fazendo horas-extras, e sai gastando muito, sem planejamento, “fazendo graça” para parentes e amigos, ostentando e tal, mas quando as horas-extras diminuem ele passa aperto e fica amuado… Pensou?
Então, o governo populista do presidente Lula foi assim, “fazedor de graça”. Porém, a baixa das “horas-extras” veio no governo Dilma, que, por sua vez, tem sido o governo mais incompetente da história do país.
Ou seja, o governo PT, por um tempo, surfou na onda do crescimento chinês, focou num crescimento econômico interno por meio do consumismo exagerado, por meio da liberação de crédito, e com muito gasto público, sem planejamento em infraestrutura.
Assim, com a redução das “horas-extras” por causa da desaceleração da economia chinesa, o Brasil vem sendo acometido por uma forte retração da economia. Um cenário de crise instalado. E o pior: além da crise econômica, o Brasil ainda enfrenta as crises: política, hídrica, ética, institucional e outras mazelas sociais.
– E quais as implicações disso na vida dos brasileiros no Japão?
1- implicações negativas:
O brasileiro comparar o Brasil com o Japão, demasiadamente, e ficar mais acomodado ainda, sem planejar, sequer, o minimamente necessário para o futuro.
2- implicações positivas:
Vejamos, o Brasil tem uma das mais altas taxas de juros do mundo. Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, é de 12.75% ao ano, o que favorece qualquer tipo de aplicação em renda fixa nos bancos de lá; o Dólar está sendo cotado entre 3,20 a 3,30 ante ao real – no momento em que escrevo -, e aqui está estável na casa dos ¥120 – desde dezembro -, fazendo com que a taxa de conversão para remessa/depósito ¥ -> R$ fique abaixo de ¥40, o menor patamar desde a crise de 2008.
Ou seja, configurou-se um dos melhores momentos para enviar ienes ao Brasil, seja para aplicar em renda fixa ou na aquisição de patrimônio. Sem contar que, quem seguiu comprando dólares quando a moeda ainda estava na faixa dos ¥80 fez uma boa grana…
Tá legal… – E para retornar para o Brasil, é o melhor momento?
Bem, se para quem está no exterior, em países com moeda forte, pleno emprego e sem inflação, investir no Brasil é uma boa, para quem vive lá não está sendo nada fácil… Então, conclui-se que é melhor aguardar um pouco mais.
Segundo especialista, o Brasil enfrentará um período de recessão. Mas como mencionado acima: certamente, será um momento oportuno, talvez, histórico!, para quem vive em países com inflação zero, pleno emprego e moeda forte poder construir algo no Brasil.
Mas, para isto, é preciso que o brasileiro saiba planejar suas finanças, colocar a cabeça no lugar, e saber que apesar de estar num país com condições de vida melhores do que no Brasil, as chances de mobilidade social aqui são bem limitadas.
Não dá para ficar levando a vida de qualquer jeito, a exemplo do “amigo” do início deste texto.
E o que impede o brasileiro de progredir, seja aqui ou lá no Brasil?
Vamos lá! Sou a favor da luta pela manutenção dos Direitos conquistados pelos brasileiros aqui no Japão, assim como sou a favor da luta pelos Direitos que ainda faltam.
Contudo, não vou negar que, a depender do ser humano, muitos direitos concedidos podem causar, em certos tipos de pessoas, comodismo, falta de perspectivas, inércia etc.
Veja o perfil de muitos brasileiros aqui, depois que obtiveram certos direitos como: Carta de motorista; Concessão de crédito em geral; Visto permanente; Previdência; Folgas remuneradas; Seguro social…
Muitos perderam a determinação para trabalhar, poupar, investir, empreender, sonhar, ter perspectivas…
Pode até parecer “sacanagem”, que estou a zombar da cara do(a) estimado(a) leitor(a), mas não estou. Vejamos. No Brasil, o brasileiro comum, da classe média trabalhadora (tem a classe média encostada também, que fique claro), luta para ascender-se socialmente. Faz faculdade, ou curso técnico, visualiza negócios, casa, reforma de casa, aquisição de bens, viagens, boa educação para os filhos etc.
Você, caro(a) leitor(a), certamente conhece um familiar ou amigo que quando você saiu do Brasil, talvez há 10, 15 anos, ele ou ela andava de ônibus, ganhava salário-mínimo ou nem trabalhava, estava terminando a educação básica e ficava todo abobalhado quando via as fotos ou as “tecnologias” que você enviava do Japão.
Agora, essa mesma pessoa provavelmente conseguiu:
Comprar um carro e quitar um apartamento… (e você morando de aluguel)
Fazer curso técnico ou faculdade e está efetivado numa empresa… (e você trabalhando por empreiteira)
Adquirir um terreno ou chácara para fazer um espaço para passar finais de semana… (e você na mesmice)
Viajar com frequência para a praia e lugares turísticos… (e você na monotonia, no máximo, viajando para Nagoya ou Hamamatsu -risos)
Ou seja, se analisarmos bem, veremos que a vida de muitos familiares e amigos no Brasil progrediu mais do que a vida de muitos brasileiros aqui – respeitando as devidas proporções e o contexto em que se encontram, é claro!
É doido saber disso? É! Mas é a realidade!
As pessoas do contexto social no Brasil, deste que vos escreve, por exemplo, progrediram socialmente, financeiramente, culturalmente e intelectualmente mais do que as pessoas do seu convívio social daqui.
Aqui, o povo, em sua maioria, ficou com a mentalidade tacanha, medíocre… Não evoluiu! E olha que a internet está aí, gente, para nós nos atualizarmos!
Acredito que, de forma geral, muitos aqui ficaram com uma “memória cristalizada” em relação ao Brasil: “ah, lá é país de crises, inflação, criminalidade, povo sem educação…”, e por aí vai.
Mas quem está lá, enfrentando essas mazelas sócio-econômicas, não pode se dar ao luxo de ficar de bobeira, de braços cruzados, se não será mais um no buraco. Daí, muitos querem lutar contra essa maré negativa, e com isso, não se acomodam. Já aqui, com toda a aparente tranquilidade, fica mais fácil do brasileiro comum, do medíocre, do não atualizado se acomodar. Acabam por arrumar válvulas de escape para justificar o comodismo e aplacar as frustrações. E vejo muito isto em relação à financiamentos de casas no Japão!
Muitos, não TODOS, querem entrar no financiamento aqui como forma de aplacar a frustração de ter vindo pra cá e não ter conquistado nada, do ponto de vista material. “Compram” (ainda é do banco!) pensando em mostrar para familiares no Brasil que aqui eles evoluíram e que preferem ficar aqui e tal. Falam mal do Brasil, fazem comparações abusivas e descontextualizadas, tudo como uma espécie de ‘mecanismo de defesa psíquico’, racionalizam, na tentativa de aplacar a dor causada pela frustração de ter vindo pra cá e ainda não ter conseguido voltar no “salto alto” para o Brasil.
Amigo(a), não fique bravo comigo. Estou apenas expondo a leitura que faço acerca do modo de vida dos meus compatriotas em terras distantes. Vamos colocar a cabeça no lugar e ponderar, a passagem do tempo de uma vida não planejada traz perdas irreversíveis.
Esclareço aqui que, apesar de ter parecido que enquadrei todos os brasileiros no Japão na mesma “foto”, sei que há exceções e espero que os bons exemplos apareçam para tentar inspirar a maioria.
Forte abraço!
By Connexion.tokyo Team
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